31 janeiro, 2009

cilada de frutas


VI

Doce metalinguística a 4 e/ou rigidez de garras: o que tinha que ser dito é esquecido... com o vento... pra sempre... o amor entre nós... o tempo... ...As Horas.
Depois de 4 picolés o entrevistador tem sensação de estar ouvindo comentários sobre algo ainda não feito, embora - noutra adversidade - pré-arquitetado. Ele pensa... pensa... esse é o tipo de lugar ideal pra relatividades fresquinhas e a ideia não é minha, esse ar não é meu, graça não gruda em gordura, de graça só o sibilar, de nossas, constatações... Barriga cheia, lua ainda brilhando (no mar) - meio eclipse, meio recolher de asas. Ele coça o pé:
__ Que coceira.
O semicochichar de Dolores e Durvalina (Dulce) é puro close.
__ Não consigo me concentrar.
Não consigo voar - Não tenho horas - Não tengo casa: Federico se levanta e vira o disco:
__ Preciso trabalhar - é o que diretamente indireto me diz o ar. A Chiliques Esplendorosos desse mês saiu, visse?.
__ Yeah, o lance da faixa de Gaza..................................... __ Pode crê... eles deletaram a parte que eu falo da fonte do rio Jordão, e da arca perdida.
Lá fora a fonte da juventude expele 1/4 de enxofre.
__ Um lado ameaça outro e............................................ __ ... a verdadeira briga é por causa do maldito fornecimento dessa água........................................ __ Buh...
Federico vira cabeça pro lado e dá uma cuspida no chão. E os pobres armênios? Que lugar a história reservou pra eles? O entrevistador ouve marulho. Assaltantes de paisagem se amansam. Às vezes a única saída pro sofrimento é aceitar o papel de vítima. Esperando que o futuro possa reverter o sentido teológico das coisas ditas no passado: através de novo encaixe imagético, videoclípico, mãos atrás dos olhos: olhos da voz: Dulce Virgulina repesa sombra negra no terceiro milênio: 4 estações da visão: 0 cenário desaba:: cóf: crianças choram, de alegria;;, cachorros latem, natureza se comunicando: esfareladas epígrafes flutuam em derredor: na brisa: 19h15: branco, preto, cinza, opala, branco, branco feérico:
__ Faz tempo que não sinto meus olhos livres...
Dulce e Dolores se ajoelham. Sobre as primeiras lágrimas de ódio da noite, brilham lábios com exagero, extremos beijos, intensos cheiros, cóf cóff, sniff. Aqui fora verdadeiro close, verdadeiro apontamento. Pode não ser importante pra vosmecê, seu entendimento, entretenimento.







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23 janeiro, 2009

passe livre, já!

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passo debaixo da roleta
pelo direito de ir e vir

sai da minha frente
que eu quero
passar
quando eu tô passando

vou de magrela até a goma
peço carona, vâmo embora

sai da minha frente
que eu quero
falar
quando eu tô falando

pra boicotar esses porco
exigir meu destino

(as pessoas
querem se conhecer
quando eu tô passando)
sai da minha frente
 o trânsito para

(as pessoas
querem conversar
quando eu tô passando)
sai da minha frente
libera essa trava



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16 janeiro, 2009

V (antes tarde do que nunca)


Feliz Natal



Que ironia: céu tradicional e chão fantasia: 18h10: atravessado por ondas de ésses sibilantes²,,, o fim do museu despontua-se em agrados...


__ Jesus Cristo pode ser minha nova constante?.
__ Isso depende da tangente pela qual o holocausto vai fugir.

Lá fora o peso das nuvens arroxeia polifonia. Coração questionador permite-se abrir num fôlego de 30° circunferentes:

__ Cala a boca.
__ Primeiro você.
__ Cala a boca você.

Conversa caminha com atraso de transmissão: entrevistador tenta manter arcadas dentárias rentes (mas engole a penúltima derrota): o sorvete de osso está no ponto. De bouwa (percebem que ele demorará pra perceber uma falta pecuniária), Dulce Virgulina arrebita traseiro e serve a sobremesa, Dolores Duchamp acaricia a aura dele e redeposita a carteira no bolso da calça de linho cinza. Por um momento Federico Minuano pensa ter 4 braços. Independentemente da marca do mel, Dulce despeja o conteúdo em cima do quitute: o entrevistador guarda o cheiro próprio antes de abocanhar primeiro apagão: Dolores liga a vitrola:



__ Está uma delícia.

Dulce Virgulina tira foto da condescendência e Federico serve-se um pouco, recuperando espírito hedonista:

__ É + ou - o que eu esperava: falta explosão de sinceridade, peru esverdeado, sobrando boa trilha sonora, interpretações tesudas...

Dulce aproveita profundidade psicológica e fotografa feiura de 3 olhos:

__ Um pouco mais pra esquerda, Federico.

Sexto sentido empina nariz e continua resenha:

__ Falha a volta do filho pródigo.

14 janeiro, 2009

IV

mate sua personalidade

III

enquanto isso, na fonte da juventude): oxigenem-se
Homens e Mulheres.
.............................

.............................

Assoprem o hino dos corações

Partidos princípios

.....................acento derretido

desnecessário em praça pública

.......................nesse sentido

.........................:

............... sucesso de sorriso

Bem acabado, arrojado, arejado, harmonioso.

Como ninguém

(com o mínimo)

13 janeiro, 2009

sorveteria fetichista


II

Mal-estar.
deve haver outra solução.
pra essa rua.
apesar do bueiro aberto.
do asfalto.

um homem pode tapar o buraco.
outro pode ordenar o serviço.

a vida continuar sem cactos.
pelo caminho.
atrapalhando o tráfego.

André Fernandes.



Já estava imaginando: lua cheia: ploc ploc: quase engolindo seiva-cinema.
Frederico Minuano olha pro pé direito antes que teoria do caos passe na frente. Rente ao peito ele sente primeira invasão, segunda, terceira... A fachada da sorveteria tem touro repleto de lâminas, estranho, na foto para os 100 + sexies o fundo era de 1 peixinho cor de urucum.
Bloqueios à vista não baratinam a meta do chão: seduzir phyna tristeza: repleta de castanhas ao rum, algas, gorduras trans: bloqueio #2: o ar nessa cidade é estranho (mas graças a Deus adversidade #1 encontra menos atrolhos).
Assim que fica pra trás, a fonte da juventude descongela: carpas semirrefestelam-se (não são malucas nem cegas...).
Vozes femininas y Testosteronas motoqueiras pedem desculpas mas adversidade #2 bloqueia-se por completo quando Frederico decide escolher flocos light. Dulce Virgulina engole antepenúltima derrota do dia:

__ Não acredito ter ficado de fora.

Frederico Minuano põe mochila no chão, para desgosto total da paquera:

__ Você não vai perder essa mania de botar tuas coisas no chão?
__ Tem espaço na sua casa já?

Funcionária com picantes olhinhos de macaca começa a dar close da voz: Frederico dá suspiro #3, mas a adversidade de mesmo número aborta abordagem de dó:

__ Sabe Frederico, ah Frederico, vou voltar a falar com o vento e olhar pro nada, na tentativa de não ter minha respiração fotografada nunca mais...
__ E seus pais?
__ Que quê tem?
__ Concordam em alegorizar o rito de gerações?

Picantes olhos de macaca adquirem cenho de estranhamento. Dulce Virgulina aproveita esse embalo:

__ Ora, ora... também tenho talentu´s, mel último búqui rendeu cerca de r$ 35.000,00. Não vai ser agora que vou desistir da minha carreira.

Ela balança a escova regressiva pra trás e faz canudinho com um euro; cenho de estranhamento agora parece mais grave com mão sobre o telefone.

__ Nem pense nisso Dolores Duchamp! Feche janelas e vá limpar o chão duma vez, sua curiosa...

Dolores Duchamp mal tem vida familiar e/ou afeto imprescindível. Diálogos com papai e mamãe -lacônicos e 12% frescos- resumem-se a desforras de doidêras, nunca aos 26% de criação personal. Frio fetiche deixa escorregar passado glamourizado em tuberculoses cabisbaixas, fora de foco, o que impregna seu coraçãozinho com incrível reserva de perdão:

__ Cóf cóff, sua quenga lunática, tá pensando que sou tua empregada eh? tá no horário do fechamento, acabem esse bate papo no msn.

Frederico Minuano Desencurva coluna:

__ Nossa conversa aporrinha de maneira diretamente indireta?
__ Yeah...

Ele abraça Dolores: começa a chover: verbos entardecem, semiderretem mágoas lendárias: lá fora, carpas aliviam 13% do intestino. Alheio ao melodrama, um livro de Aldous Huxley jaz o bookcrossing sobre assentos verdes.
Na sorveteria luzes se apagam, mas adversidade #4 bate na porta: entrevistador: o trio se apressa pra colocar a roupa: Dulce antecipa:

__ Pode entrar.
__ Com licença.
__ Seu chapéu e bengala, por favor.

Dulce Virgulina pousa os pertences do entrevistador no chão e o acompanha até a mesa:

__ Sente-se.

Cadeira metálica é oferecida e ela se retira, silenciosa (não sem antes, também em surdina, revidar pela última adversidade, roubando sua carteira).
Dolores Duchamp acende velas e, austera, serve copos de vinho (pelo lado direito). Frederico não perde tempo: acende charuto e cofia a barba loura, dizendo-se preparado: entrevistador bebe um pouco pra se aquecer e reprime muxoxo:

__ Como foi a semana?
__ Não precisa perguntar com esses ésses sibilantes... ora mérrda... Foram cerca de 300 reconhecimentos provincianos desde a última intransvista, deixe-me ver, é... bom, não vou te falar de origens pois assim estaria me portando da mesma maneira que meus algozes...

(Só agora entrevistador se sente 73% à vontade para tirar a mão de cima do gravador).

__ ...É... é... bom... é... tiop asin mew... sei lá... no fundo sei que é por minha causa, deveria parar de cuspir na cara de casais públicos. É uma questão de estilo, você sabe.
__ Claro, claro...

Dulce Virgulina e Dolores Duchamp tiram cartões, lenço branco bordado a ouro e r$ 2.000,00 da carteira mas, com encaixe de fôlegos da adversidade #5, voltam do lavabo de mãos dadas, muy religiosas. Dolores desvencilha-se por 1/4 minuto para entregar um lembrete (sobre a bandeja).

__ Obrigado, Dolores - pode se retirar.

Dolores abaixa a cabeça e tenta não chorar, sabia sobre o que estava por vir: algo incrível, forte: prefere sorrir escondida. Dulce por sua vez faz carinho nas nádegas desta: sutis cócegas despertam doce arrepio.
Sofisticada telepatia: Frederico tenta conter-se:

__ Vamos lá meninë, instantâneos antônimos morrerão na praia antes do download completo de transanonimato, vamos lá: 1. meu amigo flanelinha foi assassinado; 2. o blog encalhou; 3. parei com padê; 4. sorri no Réveillon; 5. sonhei com cachorro de novo; 6. não passei no exame do detran; 7. preciso me mudar;

Ele dobra a perna:

__ 8. briguei com um engraxate anteontem; 9. pera, uva, maçã ou salada mista?
__ Salada de fugas.






01 janeiro, 2009

sorveteria fetichista

Jovens humanidades não deram certo,
mas o congelamento de verbos foi um total sucesso.
Através de doce e fria urgência -na moda-, o desbloqueio tem um prazo de 20 minutos.
Com aljôfares de alisabel a escorrer do picumã, Dulce Virgulina olha pro relógio (que ganhou de presentchy...): 17h41: hora de recortar horizonte teórico de irreais paqueras.
Ela tira um lenço do bolso sem furos e com sorte acude um ensaio de nostalgia debaixo do olho esquerdo. O perfume do sabão de estrela ainda desprendia de suas nádegas mas, no mundo em que vivemos, não adianta fazer cara de desentendimento: uma das vespertinas bolhas elétricas morre na orla e ela mantém róseas raízes de ressaca libriana.
Com sombra negra a pesar nos pensamentos pela 5° vez, ela não digere atropelamento de Frederico Minuano que, reajeitando as costas na mochila, desvia do vento encanado e atravessa a av. Atlântica.
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