07/07/2012

do facebook

foi numa noite de lua cheia...

  (é verdade mina)


  em 2004, ou 2005, não lembro bem, eu perdi a memória...

era uma festa pública, comemoração de aniversário citadino, em grande e famigerada praça das bandas de cá...
... a Redenção.

[digressão²: some years after, eu e uns amigos boêmios a atravessávamos para chegar ao bar João (que, depois, com o fechamento, sepultou a cena underground portoalegrense), e vez e outra (a gente bem mamado) baixava exu nalgum amigo. Maria Padilha, Cavêra, Pomba-Gira, Porteira... era um show...

de repente estávamos ali, em plena rua, consultando as entidades. mas não foi tudo de uma só vez, não baixou tudo junto. é claro vários deles eram oriundos de núcleos familiares afro-umbandistas. eu vi com meus próprios olhos. sei identificar trejeitos (tipo a maneira como Pomba-Gira pousa as costas do punho na cintura) pois frequentei umbanda durante minha infância.

o tempo passou e eu era o único do grupo que ainda não tinha "recebido".]

mas chegou o grande dia, quem acredita sempre alcança...
na Redença, eu tava sozinho, zanzando na multidão y depois andando livre, depois a coisa virou um certo "desfile", na style, meio mano, na tbm famigerada JB (avenida José Bonifácio). esse "palco" eh um dos limítrofes do gran ilê farroupilha...

de repente, não mais do que de repente, não sei explicar, continuei caminhano na style de um jeito como q me tornando muy a(l)tivo, agressivamente feliz (kinda jogando tudo pro alto e foda-se). lembro (mas jah "apagando") q comecei a mexer com a mulherada, muy ousadamente. ateh hj recebo flashes dessa noite. acho que eu mexia com mulheres de classe alta. de repente simplesmente apaguei. não havia me drogado, o máximo que fiz, se é que fiz (pois tava numas de super-saúde-careta-revolucionária) foi ter bebido uma latinha de cerveja. na minha mente vêm flashes de policiais me batendo tbm (quando meu amigo recebeu o Exu Caveira foi pra Osvaldo Aranha e se atirava na frente de carros em movimento! se lembra Lilia Fernandes?) mas apartir dae a coisa se misturou: sonho, fantasia e realidade.

o que é certo e me lembro muy bem, foi eu aos poucos "acordando", um estado inexplicável que explicarei, uma caverna da subconsciência, que aos poucos se ilumina. num estranho súbito senti necessidade (eu ainda tava na rua) de estabelecer laço afetivo com algo/alguém que não fosse um signo da decadência/perdição urbana. pensava q se eu começasse a falar com alguém na rua ia entrar numas de horror, numa dimensão kafkiana de eterno cair no linguajar alheio, ficando assim preso espiritualmente na conversa dos outros que "não leva a lugar algum" - um estado q acredito ser o de mtas pessoas, "por natureza" até. ao contrário de mim, eu que sempre me senti o "ninguém me engana, eu sou livre. ninguém me passa pra trás". meu coração foi se lembrando de um caminho (tava num pânico meio de morte até), para localidade onde poderia reconectar-se: minha tia morava no bairro vizinho do parque. bom...

ela disse (isso depois do episódio, a
gente conversando) q eu a havia acordado na alta madrugada (ela puta comigo), que eu tinha dito ter levado uma paulada na cabeça e/ou que minha cabeça doía e eu não lembrava de nada, de onde estava vindo, o que tinha acontecido (ateh hj ela pensa q eu usei drogas). ela me levou ao pronto-socorro. as coisas jah estavam um pouco mais claras, mas meu estado ainda era meio zumbi. sabe quando te acordam de súbito? acendem todas as luzes bem forte na tua cara? e, surpreendido na tua escuridão, tu demora a identificar tudo, franzindo mto o rosto e espremendo os olhos. pois é imagina esse estado porém bem devagar, o susto do repentino ON permanece, mas as coisas demoram mais pra clarear. pelo visto eu não conseguia encarar nada "de frente", imagino-me meio cabisbaixo e as coisas/caras ao redor ficaram por mto tempo "lá fora", longe da caverna do meu discernimento espiritual. no hospital, a primeira coisa q lembro é estar sentado, esperando algo. aos poucos fui levantando olhos ao ambiente que me surgia. identifiquei "o outro", de certo uma pessoa esperando atendimento tbm. e senti familiaridade através de certa especular identificação, como se aquele rosto abrigasse o sentido/fisionomia de "outros outros" - eu conheço essa pessoa de algum lugar, um ser público, um amigo, um irmão, alguém da minha comunidade. tudo isso ainda esquerdamente. certa hora eu estava numa sala, e certa hora o doutor estava na minha frente, ele deve ter começado a examinar, na cabeça, à procura dalgo (não lembro se bateram raio x). mas o seguinte é demais, agora o grau de lembrança dá um salto: ele me encarou de frente, tentando olhar bem no olho. foi quando dei resposta, com risinho irônico demoníaco resquício de pelintra e mais uma vez "acordei", rs...

depois desse olhar pude discernir minha tia, por trás, olhos arregalados. então voltamos pra casa dela.

entonces, expliquei tal ocorrência a um amigo médium. ele sacou o lance e disse que o estado q precedeu apagão é típico de seu Zé Pilintra.


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EEEEEEEEEEEEXXXXXXXUUUUUUUUUUUUUUU!!!