08/09/2008

blindness

_ Tudo depende de você.

Talvez psicocinese de naticego conduza realização dos sonhos. É noite? É dia?
Cada um por si.
Pode a realidade de uma pessoa só ser tão forte a ponto de disseminar e igualar deficiência? Para que uma comum desgraça facilite a maravilha da descoberta de que ninguém é melhor do que ninguém, pálpebras prazerosamente pesadas? Guardando a si mesma compreensão final de suas dúvidas, Julianne se esquece de São Paulo, a seus pés:

_ O futuro da América Latina é Negro.

Não concordo, não sou leitor de fan-fiction - de nada adiantariam escarnecedores apelidos pra desculpar o eremita cachorro de Glauco Mattoso, já tinham nome próprio quaisquer respostas de Julianne, e afinal o cão, presente de Silvetty Montilla, não lamberia-lhe a face apenas atrás de comida.

_ Venha comigo.

São Paulo apieda-se do cão apenas depois da morte. Quem sabe ele possa redimir-se da tara sexual por pés? Julianne, já repleta pelo mar branco, sai da sacada, tira o cão da perna de São Paulo, e aproveita para ajeitar-lhe o tapa-olho direito.
Cada um no seu quadrado.
Fim de filme é sempre assim: estarrecida, parte da platéia finge que lê créditos finais enquanto os primeiros impulsos já longe digerem uma espécie de incompreensível moral.

_ Dê ração ao cão, Alice.

Alice arrota pré-delícia calculada de ver-se novamente sob densa e sufocante névoa cinzenta. Com seus augúrios embaçados e tudo mais ela não faz questão de enxugar lágrimas e conduz o cão à cozinha. Além de Gael, seduzira outras pequenas quantias de importância expressionista, uma espécie de Eva substituta, diferente das antigas prostis que decifravam macho-líder através do cheiro da fêmea privilegiada. Sua polinização respeitara até o fim Julianne.

_ Mesmo depois da phoda con mi husband?

O casal chinês apressa-se para calar a boca de Alice, na soleira empoeirada da kitchen.
Toca belo solo de piano no andar de baixo, e Danny, digo, São Paulo solta suspiro vigilante. A estória tem que continuar, pensam todos. Após a chuva, após o Auschwitz de 1984 e sua guerra, após insistência em começar a enterrar nossos mortos. Pra quê? Pra que alimentar mistérios sedutores? Relatividades de ícones?

_ Pra idiotas como usted acreditarem.

Cale-se, enterneça-se. De nada adiantaria oferecer de novo nossas mulheres pra conquista de novos territórios. O barulho de avião corta o barato do piano, Julianne esquece das forgotten passagens bíblicas do blog.

_ O que eu coloco gente? Tudo de novo?

São Paulo levanta-se e Julianne desliga o pc, ao lado da criança. O que poderia ter sido de tudo isso? O barulho do piano volta de nova maneira, com vocal:

_ I just called
to say
I love you
I just called
to say how much I care

Faminta por novas discussões, sobre a mesa central, pirâmide com um olho dentro é removida.
Tudo vai dar certo.

_ Precisamos nos aquecer.

Todos se reúnem ao redor da fogueira, santos estão de beatitudes vendadas, Alice volta da cozinha rebolando. Alta noite de branca sujeira, de nada adiantaria agora os r$ 3.500,00 que achara num dos armários em cima da banheira.
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