08/01/2019

🤞

Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have



Entre Casas Bahia e Teatro Municipal o cara dos teclados começa a expressar seu tom romântico de cover e o poder da caixa de som repercute até décimo andar da ocupação mais organizada e regrada de SP. Quase todo dia nesse horário café preto com pitadas de alecrim, sálvia e diarreia, 2 xícaras no mínimo, com pães e lanches de doação da noite anterior. Black cacau, cravo e canela em pó, curry e orégano por dentro (agora Ooooooh, my love, my darling
I've hungered... for yooooour touch).
Pantoprazol e espinheira santa, asplênio, palmeirinha, Maranta leuconeura. Canto versões bagaceiras/besteirol da playlist brazilian shitz, coreografias estrambóticas, sociedade normaloide. Ontem fiz trabalho de magia branca; ao sair pra rua quase ninguém se colocando no meu caminho, quase ninguém me olhando feio, quase nenhum cover da alma.
Não vou conseguir escrever no estilo transanônimo sobre últimos eventos sem cruzar dedos, ao modo de figa, último truque contra tendências transeuntes de atropelamento: Soraya Montenegro segue mancando até Estação República, só mija lá. Volto a fumar loucamente e deixo gravador ligado em surdina. Se ela souber dessa louca mania de registro deleto documentário do Xvideos e desisto da carreira de ator. Bright abriu o mar do desemprego ao confundir dicas de aposentadoria com paquera e DRT: morar no Palácio dos Artistas, cheirar na piscina do Sesc, trepar entre arbustos, no Anhangabaú, cheio de merda, seminu na Boca de Rango, à noite. Só mijo no Arouche.
Tava tendo saída de entulho da Capitão Salomão, por isso dei de ouvidos com seu eterno falsete ao abrir porta cheia de adesivos e cartazes de esquerda do lado de fora. Ganesha, lembretes, espada de São Jorge, sal grosso, ônix, cianita azul e vassourinha de bruxa no lado de dentro. Pedi que esfregasse crocs roxo sujo no tapete vermelho que, por sorte, na última limpeza, não empurraram dentro da cozinha pras gatas arranharem. Já era meia-noite e eu bem podia dar uma de podre, recusar seu corpo semifétido de interrompida hormonização trazendo dvds com série completa de Brinquedo Assassino na bolsa de Nega Veia. Chega equipe, paro de escrever: Você mora onde? Essa doação é só pra moradores de rua. Viro as costas. Cabisbaixo, estendo mãos a outro membro: angario kit, volto a escrever. Um gcm me observa à distância, perto das mamães e papais-Noéis. Perto do palco meia-dúzia de pardos pingados seguem abismados perante micagens pagas pela prefeitura. À minha esquerda e direita condenados saboreiam lanche, incluindo muié do ex-marido da inverossímil vilã mexicana. Volto a fumar.
Faço pedido: Ai, você não quer ir aqui do lado? Mostro bunda na Monteiro Lobato, fugimos do marmita à paisana, almoçamos omelete na China. Estou sustentando companhia com lanches, doces, gemidos/grunhidos de dor e prazer. Pensei que fosse passar Natal sozinho, refletindo, evoluindo, esmolando roupa na doação do Arouche. A sua letrinha é uma letrinha de neguinha veínha (risos), é uma letrinha toda diferentinha, toda detalhistazinha. Ontem eu e Kleos ficamos conversando sobre essa sua mania de ficar tirando foto. É que a gente é assim: não dá pra ficar tendo amizade com seu nome completo, numa língua vermelha, fio de cabelo na 2° noite de lua minguante, sob Ficus elastica. Piso na merda.