29/12/2015

AntiMedeia



Estou trabalhando num ambiente politicamente incorreto: sexismo, etarismo, etnismo a todo vapor enquanto faço ligações no cubículo a mim destinado, numerado, padronizado:

- Chocolate?

Acabou de fofocar a respeito de um item de higiene a mim pertencente e vem toda carinhosa com a mãozinha oferecer seu ar de competição, arrivismo, desumanidade encerrado no instituto. Difamações:

- Ai, você é tão pura.

Cara de santa mas ordinary altruísmo: quando eu estava por baixo fugia e hoje sorria que sou ryca y boba, esqueço quem fudeu com minha vida: te vira! Tenho escrúpulos, dialética dadaísta, metafobia misocósmica, meço bondade do signo alheio ao eticômetro...

- Ai, o que você tá escrevendo?







13/11/2015

******FALHA NOSSA FALA*****888

tá: sabe aquelas pessoas que tu não sabe se gostam ou não de ti? que te adicionam pro álbum de figurinhas ficar maior? deletei algumas, sim, sorry galera's. antes eu não deletava, já passei por casos em que tipo cruzavam comigo pelas ruas de Berlim e não me cumprimentavam. pra mim era indiferente, meu cu! Tanto é que faço parecido quando vejo alguns gremlins. Pero tô mais criterioso.

"ai, eu não sabia que você era assim..": beleza, a pessoa fica te dando uma patada atrás da outra e acha que tu tem que continuar sendo legal com ela (?). eu hein...  sou o tipo de cara que, embora socialmente hostil, costumo ser pacífico e compreensivo com seres humanos, sem reservas, sem garras no final. mas uma dosezinha de semancol nunca é demais galerinha, reflitão...
não é novidade nenhuma que colegas de trabalho podem ser um doce de simpáticos desejando no fundo que tu seja demitido e/ou morra merrmo. até aí tudo bem. Mas tava trabaiano num instituto onde além disso me tratavam (aliás não só a mim, a senhoras na casa dos 60 tbm) como criancinha do jardim de infância Pequeno Trotsky. eu hein...
(nunca é demais lembrar: tenho PAVOR DE FOFOCA, FOFOQUEIRES & CIA)

"ai, eu sou ~artista~": um pessoalzinho aê, conterrâneo meu, daqueles que estudou nas melhores escolas de Poa, veio pra São Paulo com o firme objetivo de ter vida muito dura, passar necessidade, virar mendigo (?) (ai, ai. clichês de um período pré-sucesso) (tento controlar gargalhadas). O pessoal tbm ~artista~ de Sampa já não os via com bons olhos, nem eu, todo mundo deve estar cansado de saber que tenho horror a burgueses sebosos. mas infelizmente por motivos de força econômica morei na ocupação burguesa e fui expulso porque, segundo eles, não agradecia quem abria porta do lugar onde eu morava nem dava bom dia, tampouco era sorridente... pois é, né... Emoticon grin
Emoticon grina gota d´água foi quando uma cabeluda rockêra 4 olho (biologicamente homem) que fazia a linha mendiga passou na boca de rango, me olhou da cabeça aos pés e virou a cara, desdenhosa (talvez fizessem isso com ela no Guajuviras, seu maravilhoso bairro natal... coitada...). aqui da oposição só tenho uma coisinha a dizer: TIREM AS FRALDA E VÃO VIVER A VIDA DE VERDADE SEUS CUZÃO!!

A ESTÉTICA DO FRACASSO: cada vez mais as pessoas se preocupam com sucesso e isso vem acompanhado da valorização da imagem. Importante não é mais SER e sim PARECER. O que antigamente era arte virou grande arma da mídia pra nos manter permanentemente alienados, permanentemente querendo nos adequar ao outro, ao padrão. conhecimento condicionado é uma máquina invisível de reprodução comportamental e intelectual sem conteúdo que valha aprendizado espiritual. o culto à razão chegou num nível em que somos indiferentes a nós mesmos, ao humano... certo? ok. estamos saturados de ficar vendo sempre gente bonitinha que dá declarações de superação profissional y emocional numa sessão de fotos tal para a revista tal, certo? blz. é por isso que proponho o seguinte: vamos abraçar nosso fracasso! ou melhor, aquilo que o sistema capitalista convencionou de chamar o que não lhe serve. vamos pensar duas, três vezes antes de apontar erros alheios por que estamos numa ~posição superior~ seja lá em qual área for. VAMOS NOS FODER, BEM FODIDAMENTE.

ator/escritor, belo fail!11: imbuído da estética do fracasso participei de diversos testes teatrais mas não passei. Vinha notando algo diferente que não sabia se era proposital ou não em peças como "WHY THE HORSE?" da Maria Alice Vergueiro e/ou "Alma Imoral" com Clarice Niskier, Teatro da Vertigem etc: nossa, como nomes tão renomados fizeram peças tão ruins!!! Mas aos poucos fui notando semelhança com outros trabalhos às vezes isolados de um único ator, numa montagem dos Satyros​ por exemplo. Percebi que saía sentindo-me muito melhor depois de assistir, ao contrário daquela fascinação meio mórbida pós-apresentações que são "um arraso y sensacionais!".
Filosofano mais geralzão: a gente não adorava ver Amy Winehouse cada vez mais fodida e drogada à beira do precipício? Quanto pior a mina aparecia mais mídia tinha envolta e disso se fez grande espetáculo. Uma estrela tão FODA-SE que destruiu a própria vida.
Pensem comigo: fracasso nos faz bem porque sucesso só causa inveja!
Até hoje não sei se supracitadas peças sabiam-se belos fracassos, mas o cunho terapêutico delas indubitável foi.
Imbuído de feeling antiestrelijmo acabei cagando demais na seleção pro Teatro Oficina Uzyna Uzona​, por exemplo. não consegui explorar fracasso em seu duplo total, artaudianamente falano. fui simplesmente ruim mesmo enquanto buscavam brotos de star politicamente corretos.
Mas não desisti de escrever tbm. Estou apenas revendo conceitos de arte como carreira profissional que escolhi. Materialisticamente mais crítico.

amor: I'm a little bit older than you. não quero apenas ser usado pra tu conseguir pegar mina... reflitä. não quero dinheiro, não quero carreira consolidada nem mais amigos pro álbum de figurinhas: I JUST WANT YOU.


-oi

30/10/2015

3 sonhos


banherão bandejão casarão
público público público
alimento moradia sexo

coletivo público privado 
comunismo corpos
circulação urbanismo

mobilidade liberdade
espaço
caminho

ninguém ninguém ninguém
atalho entrada alternativa
translúcido banheiro boquete



08/07/2015

carta a oswald

"Paiz de dores anonymas. De doutores anonymos.
Sociedade de naufragos eruditos."

(...) Não permitta Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo"

ANDRADE, Oswald de - do livro
Pau-Brasil


Certifico-me de que Tibicuera y Jurema não escapuliram then passo corrente pelo buraco entre porta e batente. Then nasce ideia: narração deste dia fornecerá substância digna de explanação. Animado, desço escadas cantando o hit "Traveco num Chora" ao som real de tiros e sinos da igreja São Bento. Consigo charcar o primeiro café y diálogo do dia no boteco da Dom José de Barros com Barão de Itapetininga: não é demagogia, é minha vida, blz? Ai, alemão... Desempregado ainda? (Cabisbaixo, em tom de lamúria) Arram... Pode responder uma pesquisa? Posso, mas tem brinde? Não, não tem. Tá, respondo questionário dum instituto que trabalha com deficientes, digo que não me sentiria bem sem visão nem audição porque trabalho com isso sou ator etc. O(a) entrevistador(a) inquire O Sr. não disse que estava desempregado?
Reflexivo, saio do largo das Casas Bahia e vou andando até a UBS República. Marco consulta pra data mais próxima: em setembro poderei agendar psiquiatra com clínica geral. Quem sabe no natal reabastecerei o cérebro de sertralina. Tem cloro? Não, não tem. Nessa água do volume morto não confiem - recomenda a professora de teatro. Tento decidir: ou vejo a peça dela na Oswald ou vou nadar no Ibira ou Oh, No! Você é pobre mesmo, mano!, e isso que é ser atual no Brasil. Escroto. Vai chupar uma rola, vai comprar seu manual de palavrões politicamente corretos. Ok. Controlo insultos transeuntes, mangueio um café na Ouvidor then vou atrás de outro na Câmara Municipal. É que preciso tomar banho, meu... Meu cabelo, sem vida, sem brilho... Minha narrativa presumida... Minha ocupação sem água. Dou descarga e me decido por ducha pública na Tenda da 9 de Julho. Depois teatro.

Abre a jaula: assistente social gatinha dá o kit de higiene. Dá tbm um pouco de pó pra chulé faz favô? Dá desodorante Senador, fedendo no busão: Ô, moço, Sr. motorista, pode mim conseguir uba carôda até o CAPS? Por favor? Sorriso gostoso com casca de feijão: sobe lá atrás, vai!
Vejo essas néca odara e fico a pensar se realmente estou 2 cm acima da média brasileira: esses trecheiro tem tudo rola grande. Imagina se sou aceito no Oficina, num dia frio como esse, no meio daqueles fauno. Vou tentar vencer na dialética dionisíaca.
Ai mais o Zé Celso tá gagá, cê vai lá só pra ser mais um puxa-saco? Agora já depositei os fintchy reais, mina. Ai, guri, mais as pessoas que interagem saem do espetáculo se sentindo mal, usadas, é teatro infantil para adultos, não perde teu senso crítico... Blz, tu tá com inveja, né? Por isso fica me espinafrando. Sabe que sou palhaço mais tenta obliterar meu veio trágico. Não sabe reconhecer potencial de estrelas nesse feio céu que agrega colaboração opaca de fumaça monótona? Quer mostrar teu rosto limpinho pois pressupõe cegueira às torpes arestas do teu carguismo? Opinião hoje em dia tbm é fingimento, política apaixonada. Hoje em dia mais vale discurso florido no facebook que o tête-à-tête que nunca tive depois da morte, meu amor. Hoje em dia ser brasileiro é pôr camiseta da seleção e bater panela nas janelas do Higienópolis. Hoje em dia tenho mais buracos que antigamente. É bom se rasgar - recomenda a professora.

Brasil tipo exportação: Carmen Miranda, café & açúcar versus carnaval, futebol & mamelucas? País bonito de se ver. Nosso progresso intelectual ganhou vida autônoma e o que podemos fazer é colocarmo-nos na pele marginal cabocla querendo ser inglesa pra descrever essa "hidra social" que criamos. Se tu caminhasse pela Rua 15 uns 3 anos atrás vislumbraria lindas barracas de lona azul que sem-tetos armavam nas margens dos grandes prédios públicos, comerciais, financeiros, multinacionais. Só que hoje tem bastante ocupação de prédios outrora vazios devido à falência de seus proprietários. Alguns estavam nessa condição há mais de 10 anos. Hoje em dia patriotismo é mais um instrumento que a burguesia aprendeu a manejar a seu favor. Constato que tentativas de me retratar sincronicamente consciente faz com que desperdice energia em vão nesse blog que ninguém lê, e no qual agora escrevo só porque preciso apresentá-lo em minha defesa. Mero artifício pra sair do estado civil de solteiro? Sim, poetas são tudo mal-fodidos. A gente escreve pra seduzir e eu não vou cair no lugar comum dos bem amados que, liricamente diurnos, sofisticam signos de modo hermético. Beleza pra mim nunca teve nem nunca terá nada a ver com dinheiro, ou seja, continue limpando nariz, continue sujando arestas furtivas que continuarei fazendo minhas caretas transumanas. Sou um cara muito amável e você é quem afaga e/ou arranha: agora dorme, dorme quietinha... Mas de onde você é? (estético) (dobra de correnteza geral) Autoparódia: isso que significa ser brasileiro? (quase dormindo. Não posso! Tenho que fazer depósito!)

Acordo. 15h. Ainda não escrevi texto pro Oficina e amanhã é o fim do prazo. Cabalisticamente roubo livro (sobre Antropofagia e Tropicalismo) no Red Bull Station, que me ajuda a recapitular ideias y paralelos de influência com minha obra já publicada, mas insisto em criar algo novo embasado no cotidiano. Algo novo? Releio Pau-Brasil e O Rei da Vela pra inspirar. Organizo o barraco: levanto colchão e o suspendo no varal. Limpo cocô das gatas e nisso reparo, acariciando com o dedo, que meu próprio cu tbm está meio cagado. Pego uns lenços umedecidos pra limpá-lo e nisso percebo que estou sendo observado por dois sujeitos do prédio da frente: empino meu orifício pentelhudo para que eles tenham uma visão mais privilegiada, entre os autoproclamados risos de Zé Pilintra.

Vejam!

O cu!

O CU DO MUNDO!


HUAHUAHHAUHAHAUHAUHAUHAUHAUHAHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHU
HAUHAUHAUHAUHAUHUAHUAHUAHUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHA
HAHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUAHHUAUHAUHA
AHUAHUHAUHAUHAUHAHUUAHAUAH
AHUAHUHAH

13/05/2015



"Caminhava cantando porque, quando estou feliz, sinto irreprimível necessidade de cantar em surdina, como todo homem feliz que não tem amigos"
Dostoievski


Não sei nem por onde começar, será demagogia marginal de minha parte?







Faz uma noite agradável na 15 de Novembro esquina com Anchieta. Soraya Montenegro desfila dando timidozinho Oi enquanto levanto pra verificar placa urbana que exibe nome do beco do rango. Preciso levar comida pra Jurema y Tibicuera, minhas gatas. Sob um céu púrpura-poluição agora escrevo, encostado na cortina de ferro, sentado no degrau forrado de metal estilo aqueles que revestiam busões nos ânus 80/90. Agora 20h32. Visto havaianas preto; bermudão cáqui com bolsos, guerrêro; camiseta preta com listras coloridas da grife de sk8 de Poa; cabelo semiloiro amarrado no topo deixando à vista laterais raspadas; envolta do pescoço duas correntes de ôro que comprei na feira do rolo e uma de bolinhas metálicas com bronze de índio americano de perfil, suspenso; presilha de couro no tornozelo esquerdo; mochila Bagaggio; sacolão de ráfia branco com alças amarelas pra armazenar vitualhas da caridade paulistana.
Trecheiros fedorentos parolam a poucos metros, de modo semi-desagradável a quem assiste, ou seja, eu. Um me estuda rapidamente da cabeça aos pés enquanto escrevo, outro se esforça para convencer de algo que não decifro, apenas sinto. Chega um terceiro: o zureta ultrafedorêinto que deitou-se em meu colchão do Ocupa Duque de Caxias - não sei por que, quando me cumprimenta, ele aperta olho direito e arregala esquerdo: - é por loucura mesmo, tadinho (atestou-me Soraya posteriormente, num tête-à-teta proibitivuns) -. Ele diz E aí, blz? fazendo peculiar careta, then senta fora do meu campo de visão. Me ponho a analisar os conferencistas semi-desagradáveis: um tem sotaque nordestino (o que me mediu), cavanhaque, orelhas de abano, rosto castigado moreno; se veste com simplicidade, tem uns 40 anos. O 2° ostenta cerca de 10 anos a mais; calvície crescendo em cima da testa, com entradas na fonte indo mais longe, restando chumaços de cabelo curto, seco e crespo cujo grisalho da raiz vai afastando a margem de acaju escuro; olhos verdes encovados, rosto chupado, magricela, nariz adunco; sotaque cosmopolita de morador de rua; também em andrajos. Desde que estacionaram em frente à minha atenção eu já estava sentado em frente ao boteco fechado da 15 de Novembro esquina com Praça da Sé. Chegou rango: Igreja Encontro com Deus. Em frente à catedral católica forma-se fila de fudidos.

- Vamos trazer o espírito de Deus, bem-aventurados... Jesus! Soberano Deus! Eterno pai! Ministra o coração de cada um aqui Oh Pai quero repreender Satanás! leva toda hoste tua bagagem você perdeu essa noite Lucifér em nome de Jésus Senhor DEUS AMÉM PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU


¡corta!



Dentro do busão rumo à 4° dose da vacina antirrábica no Emílio Ribas. Demagogia porque se um dia eu for rico (e creio que serei muito rico), penso que minha opinião social da vida pesará demais como compromisso desgastante da consciência. Coppola: gostosa cabalística que ficou pra trás do mesmo modo que eu pra ela. Soraya fica de buceta molhada por dinheiro, já meu amor é puro prepúcio do olho no olho. Foi-se o tempo em que mariconas me convidavam Ai vâmo pra Europa passar uns tempos? eu hein. Tem muita gente na fila, cê aguarda um cadinho faz favô? Do meu lado direito uma pranta cujo nome desconheço, à minha frente paisagens maravilhosas das belezas naturais do Brasil como chapada diamantina, parque jurerê, amazônia, pantanal, lençóis maranhenses, cânions, febre amarela, malária,


¡corta!

 

Cicatricure no supercílio. Aos poucos minha fase simpático vai se misturando à fase apático. Esperando pela boia da Senador Paulo Egídio. Às vezes nos apaixonamos por uma pessoa quando, de alguma forma, ela está ~na pior~. Amamos a tristeza, ruína, tragédia das quais o hospedeiro não vê a hora de se livrar. Já fiquei com cerca de 10 Anas até hoje. Com Elizabeths me mantenho sempre alerta, por causa da batuqueira. Katylenes e Katifundas são infalíveis na chupeta. Já homens cujo nome começa com M são todos perdidamente apaixonados por mim, librianos principalmente, me amam quando estou mal, investem paqueras que sufocam ontologia das azarações. Meu fonema preferido é o emitido pelo j de Jurema.
As pessoas passam e eu fico aqui sentado como na beira de um rio vendo a vida passar pela perspectiva da margem, vejo o fluxo espiritual fluindo sobre esse ar de desânimo dos moradores de rua: será que eles já saíram da caverna de Platão? Quem sai da caverna não pode dizer que saiu, pois isso seria sua morte, segundo meu amigo americano. Entendi que pra sair desse buraco é preciso acordar cedo, comer menos, estudar mais, não praguejar aos transeuntes, praticar esportes, não fumar, não usar tóxico, aceitar solidão como uma coisa boa, conhecer a mim mesmo. Tenho pra mim que ainda não saí, digo, acho que uma vez saí sim, vi o que tinha lá fora, não gostei, e voltei.
A sopa chegou, graças a Lú(cifer).



¡corta!

 

Discoteca Oneyda Alvarenga: debulhar o trigo, cio da terra milagre do chão. Leio Gertrude Stein: chuva de referências. José Agrippino de Paula: sintaxe cansativa. Agora não pergunto mais aonde vai a estrada, vai ser vai ser vai ter que ser vai ser xereca assada muito tranquilo. Quem recebeu o polêmico bilhete não está. Pielechovski: vago demais. Deixar o seu grelo brilhar na luz de cada dia cego amolado. Ainda continuo sem trampo, fui manguear naquele boteco da Barão de Itapetininga esquina com Dom José de Barros: a atendente disse que sou muito bonito pra trabalhar; tomei meu gardenal, ela perguntou Que ator morreu? Tu sempre chora quando um ator morre, né, alemão? Tão precisando de chapeiro ali na outra esquina. Agradeço o donativo, respondo É fia a crise né? A Petrobrás, né? Tchau, fique com o Senhor Jesus Cristo de Nazaré e com a Virgem Maria de Calcutá. Saio esbaforido rumo à última dose da hepatite duplo-adulto no UBS Bandeira. Não estou brincando de ser underground, eu SOU underground. Evito me amalucar, não sou bobo de burguês. Bobo do povo é aquele alemão que finge sotaque gringo pra pedir carona no bus. Vira disco: narrativamente esgotado.


¡corta!


 
Natação Ibira: essa semana não teve/tem aula. Pesquisei o face do colega Taumaturgo. Indícios de que é cantor lírico, morou na Itália, tem gosto refinado, ou seja, é burguês. 1° dia de aula, num exercício de respiração imitou meu tom de voz achando que assim conquistaria simpatia desse suposto tímido gaúcho, mas sua namorada (que sempre entra n'água extravagantemente maquiada: pó de arroz blush rímel glitter sombras coloridas...) ficou calada, respiração suspensa na direção de minha visão global. Lá pelo 3°, 4° dia seu atarracado namorado e/ou marido machucou uma perna e não pôde continuar no treino, ela ficou olhando pra minha cara como se eu fosse o culpado (?) (: psico). De outra feita cheguei e os cumprimentei normalmente, sorrindo, como sempre faço com qualquer um: a reação deles foi uma cara de bunda silente, estupefata. Resolvi desde então não mais mostrar os dentes tbm pro outro colega, Teobaldo: na hora do chuveiro ele me encara de esguelha cada vez que deixo de fitar meu próprio corpo para abranger o recinto e ficar de olho nos meus pertences. Ele pretende demonstrar com esse gesto que tem consciência de que não vou manjar furtivamente suas partes íntimas. Esse ~latinista~ 4 olho é pneuzudo, apara pentelhos como a grande massa, tem altura e quiçá mesmo prestígio capital que o tenor, de quem a íntima amizade conquistou embasado na minha leitura de espectador ~inocente~, do mesmo modo que cavalos da umbanda precisam de gente pra ver eles incorporarem. Tudo leva a crer que esses dois são daqueles que para o bromance só aceitam outro falso hétero (a palhaça o aprova, sorridente e semi-bitch). Meu desempenho físico parece estranhamente depender da relação com esse trio. Desde quando deixei de oferecer alegria melhorei minha técnica, respiro melhor no crawl. Os bofes de verdade tão na turma das 18h e as gatas no judô, ui. Aliás preciso urgentemente educar minha defesa pessoal antes que quebre outro dedo e/ou mate alguém. Certo que estou mais controlado, penso 7 vezes antes de agredir covardes, me contento em perder na discussão e/ou me afastar de possíveis conflitos físicos feito bunda mole mesmo, não me importo. A gorda que ouve Zeca Pagodinho na minha frente acaba de torcer nariz. Pelas minhas caretas ao cantar Volver a Los 17 julgou que poderia fazer pouco caso; engulo seco, ela entra em sincronia com minha alta guarda de derrotado, ora, está melhor vestida e não é idiota! Escrevendo isso aqui não me torno refém do fetiche de seu cavalo. Eu visto: calça esporte preta com fina listra laranja em cada lateral; havaianas preto que era do Kauê; camisa social de listras azuis, cinzas, azul forte, azul claro; cabelo semiloiro platinum semi-preso; correntes de ôro, índio apache; anel boy-zica no anelar esquerdo; barba de uns 1,6 cm loira natural no bigode; olhos verdes; peito peludo semi-descoberto.
Eliminei Tina, a psicopata do BBB 15, e ao fazer isso fiquei confinado sob um prato gigante onde ela antes estava, consequência da qual o incentivador do voto decisivo - Rafael Licks - não me advertiu, disse que tinha se esquecido assim que soube do destino. Levantei hipótese de que ele fez isso de propósito como estratégia de jogo. Aracy Balabanian sumiu ou estava debaixo do prato também. Tô no lado B do 2° disco e Cio da Terra ainda não tocou. Engulo seco one more time. Pressão do cavalo da gorda. Se eu tivesse centenas de olhos daria conta de todo mundo que me paquera; como isso não é possível me torno refém do jogo do fascínio. 4 anos solteiro, vendo pessoas desistindo de acompanhar minha pachorra, indo serem felizes com gente mais esperta emocionalmente. Ô, moço, eu vou sair, tá? Brigado, valeu (cavernoso afetuoso).


prosa


 
EXPLODE CRAVO SANGUE PRESENTE!

Ninguém se coloca no meu caminho
Ninguém me atira pedra
Ninguém nunca está do meu lado

PETRÓLEO PRETO ESPIRRA OSSO CENHO!


Maria Alice Vergueiro reconheceu meu trabalho artístico.

23/4/15: de volta ao mesmo lugar da Anchieta com 15 de Novembro. Copo plástico com café mangueado na mão. Rola um rap gospel no Pátio do Colégio, onde imagens de filme com a danação de Cristo passam projetadas na parede da 1° igreja construída nessa cidade; crentes evangélicos dançam em círculo batendo palmas e sacudindo o corpo ungido; um grupo de franciscanas mendigas voluntárias passa rapidamente, olha feio pra bispa Sônia depois dirige-se pra fila da saborosa sopa de quirera de arroz com banana dos espíritas; trabalhadores sobem até a Sé ritmados por conversas em voz alta. Soraya Montenegro passa silente e cabisbaixa no exato momêinto em que levanto a cabeça e digo Bando de trouxa entre os dentes. Guardo agulha e linha preta (costurei rasgo que se fez na camiseta quando me levantaram pra subir no muro de um prédio abandonado da 9 de Julho, na última ocupação do MLSM). De tarde li o livrão da Ana C. do IMS, com manuscritos y datiloscritos y fiquei depressivo no sopão da Conde de São Joaquim. Um sujeito de Adidas colorido me persegue. Agora me dei conta que enquanto escrevia esse parágrafo, aqui na Praça Paissandu, a biba peruana do meu andar se aproveitava que eu estava de costas, e se punha a analisar minha sexualidade, até o momêinto que uma loira peituda meio nerd fez com que eu torcesse pescoço, descobrindo assim seus estudos - sentada(o) no degrau do vestíbulo do Ocupa Prédio de Vidro (ela(e) baixou cabeça pra interlocutora maloquêra assim que a(o) fitei). Como não tenho nada pra fazer agora que o café acabou, levanto do banco, me ponho a limpar o jardim da praça, vou catando lixo embalado pela conversa de 2 bebúns sobre bíblia jesus deus está escrito ninguém vem ao pai senão por capítulo 69. Chego no mocó do 7° andar: Tibicuera brinca de me arranhar: atinge a cara: a arremesso pra longe mas ela não desiste. Jurema para de miar e come um pouco do sopão de ontem, Tibicuera decide copiar.

15 de Novembro com Praça da Sé: reconhecimento de ratos camuflados; acaba de estacionar caminhão com funcionários da Eletropaulo; um senhor desamarra bicicleta do ferrolho; ao fundo sucesso de Zezé di Camargo & Luciano sample de Vanessa das Matas feat. Ben Harper vindo do boteco depois que dobra a esquina da rua Direita. 20h55: quer saber como estou vestido?  Mais um atendente sai do boteco que cerrou portas e na frente do qual tô sêintado's. Passa a lolozêra que agrediu aquela senhora que havia quebrado garrafa vazia de cerveja em seu rostinho juçara. Semi-praguejo neomímicas pralguns burguesoides que na minha frente desfilam; latidos dum cão trecheiro; ônibus elétrico; garis; evangélicas eróticas; era o Billy e a muié dele latindo, eles cheiram o lixo do MacDonald's. Fila do rango da Sé: não simpatizo com um rato à minha direita.

Eu era copiloto dum automóvel meio roubado, eu mais uns 3 ou 4 sujeitos, incluindo fedorêinto zureta: o obriguei a tomar banho antes do embarque, ele entrou debaixo d'água fria, no subsolo do estacionamento onde nos encontrávamos; com esse gesto corajoso de rápida limpeza ele imitava Rodrigo Roots. Fugíamos de alguma coisa, acelerei sem querer e causei acidente num barranco: chamei geral pra sair do carro, tínhamos que escapar dos perseguidores. Encontrei-me no Othon Palace Hotel, ocupamos (eu mais um pessoal do LMD, como a coordenadorazinha que roubou minha mala) último quarto do 1° andar sem pagar contribuição. Tentaram arrombar a porta - já meio capenga de ocupações passadas - então decidi usar sussuarana pra impedi-los, pedi aos room-mates que me ensinassem o modo de conduzir a felídia.
O motorista do busão ficou brabinho e decidiu parar de dirigir. Tive que tomar a direção pra fazer curva e estacionar num terminal que mais parecia rodoviário. Como não sei dirigir fui na sorte testando quais eram os pedais de embreagem, aceleração, freio. Deu certo.

Fila do rango da Marconi. Um noia atira bastão de ferro em cortina de ferro cerrada pichada e sai correndo sentido Praça da República. Na praça Dom José Gaspar rola festa de maconheiros, Fuck Da Police grita um noia da fila em resposta à música que inicia. Fuck Da Police! Uhuu! Fila or-ga-ni-za-da eu gosto de ordem! Senhas começam a ser distribuídas. E ae alemão!! Fila organizada! Todo mundo no lugar! Começa a procurar um quartinho em Curitiba, fiquei um mês lá, Arruma essa bagunça essa barulheira tá atrapalhando tudo (no megafone a Matrona da Boia). Ligeiro sem furar fila eu quero ver todo mundo organizado NÃO PRECISA FURAR FILA QUEM TÁ COM A SENHA NA MÃO GENTE PEGOU A SENHA FICA NA FILA SE SAIR DA FILA EU TIRO SENHOR NÃO PODE SAIR DA FILA EU GOSTO DE REGRA NÃO ADIANTA CHEGAR LÁ COM DUAS SENHAS QUE EU VOU TOMAR!!! CADÊ A SENHA? Na África a maioria tem nível superior, desculpa isso não procede não o único lugar assim é em Cuba se aparecer o tubarão ele vai atrás da jangada nigeriano vem tudo rico na cocaína do facão cachaça foice cê tá loko de cachaça Cristo tudo batuque é profeta mesmo não questiona o estado justo não pode eu não fumo droga Osasco Guarulhos. Deu. Barriga Cheia.

¡boia!


 
Boca de rango da Liberdade. Soraya Montenegro fica meio afastada, com franja acaju alaranjada tapando olho defeituoso e vestindo habitual uniforme de chiffon y musselinas oriundo do espólio que evangélicos captam pras doações a(o)s mendigas(os). Se ela fosse um animal seria uma lombriga meio asquerosa, e eu uma lesma ou caracol graúdo. Às vezes cismo que vou morrer de câncer nas tripas e/ou esôfago. Penélope Jolie ficava braba, ainda lembro, quando eu tomava muito café, eu não economizava. Certa vez ela disse gritando Quando você estiver numa cama de hospital cuspindo sangue você vai lembrar o que eu te dizia, não é pra ficar tomando café de balde seu retardado!
Um calvo branco magricela acaba de passar me chamando de zarolho feio, não demonstro reação adversa alguma, semi-paralizado pelo policial que se finge de mendigo, irritante, ele enverniza seu discurso fiado com o que supõe ser tom da minha disposição espiritual. Por que essa gente implica tanto comigo? É porque você é bonito, as pessoas têm inveja (atesta-me posteriormente João Roberto Temporini). Rio. Não nasci pra ser malandro, man. Odeio a juventude, sempre odiei, vetores da ignorância de mercado. Odeio mais ainda gente burra, sempre odiei a cultura da burrice, meu pavor é ser julgado por justiceiros como os que mataram a pauladas a ~bruxa~ do Guarujá. eu hein. Odeio todo mundo: socialista antissocial. Coreanos e africanos passam sem me agredir, ao contrário dos ~brasileiros~. Do outro lado da avenida, Gumercindo sobe escadas da lan-house 24h. Ao lado funcionários da Farmais cerram última cortina de ferro pichada e se despedem com sorrisos no fundo desejando ardentemente que o colega de trabalho morra. O alemão que finge ser estrangeiro pede ajuda em inglês tentando convencer casal de jovens nerds desses típicos da Liberdade meio cosplay meio mangá, pois precisa da passagem de volta a L.A. 'cause two little kids rob me bla bla bla...
Casal entra no Banco Itaú, o alemão fica aqui fora na minha frente cantarolando Born in The USA (estou sentado no chão em frente a esse banco da namorada da Marina Silva). Casal retira quantia que ignoro, voltam a ganhar a rua, colocam cédula(s) na mão do ~gringo~ e sugerem com mãos um destino que me fica obscuro; o loiro faz que não entende muito bem a indicação então os três caminham juntos em direção à estação Liberdade do metrô. Ao fundo o famoso hit Homem Não Chora, você foi embora bora bora... Se tu para pra pêinsar todas relações humanas ou uns 98% delas são triangulares, ou seja, casais sem um 3° elemento humano não funcionam, ficam desenxabidos, insossos. E não falo só de casais que namoram e sim qualquer pessoa que troca informação, energia com uma 2°. Isso vale também pras relações virtuais, é o famoso close da linguagem trans. Bin Laden chega me encarando de cima do nariz: o cumprimento em continência. Estaciona carro dos Amigos do Sopão: trecheiros se alvoroçam pra fila, sou o 1°, 1° homem, porque muié, crianças e idosos têm prioridade.
Na fila dos espírita que corta cabelo de graça a pança já bem forrada. 20h55: apriorismo radical sente a sofrência sertaneja que vem do boteco, incentivando meu sacolejo estrambótico. Esgaravatador pousado entre dentes, Trotsky na camiseta, jeans ras...


¡corta!


 
23h: reunião no prédio de vidro, a trava suplente ex-mendiga pede Por favor que todos Não saiam do hall até que chegue o chefão Ananias! Algumas pessoas têm um certo preconceito, por isso tomo cachacinha com tipo de corante verde na barrigudinha y barrigão meio peludo de fora, rego predizendo delícias do cofrinho meio cagado, meio cabeludinho e fofo; corro pra lá e pra cá meia grogue, meia lôka, dentes podres, olho roxo devido à briga com coordenadora evangélica sapatona. Sul-africanos e nigerianos olham a cena semiabismados, vez e outra fazem furtivos comentários em seus dialetos tribais. Michês; tias nortistas de 1 metro e meio; traficantes; histéricas maloquêras alcoolizadas; funk ostentação tocano no celular roubado; pernilongos; chikungunyas; famílias bolivianas; Mc Brinquedo; mavambos de bigodinho e tatuagens de ex-presidiário; gatos no cio; irmãos; lolozeiros; gigolôs; 1 vendedor ambulante de pamonha; 1 cabeleireira peruana emo solteira; 1 palhaça franzina que pede dinheiro nos transportes ~públicos~; 1 judeu pobre de quipá, sobrancelhas meio raspadas, bicicletista; 1 núcleo familiar asquenazi meio 13; carroceiros;  ex-moradorxs de rua; Franz Kafka; crianças meio ciganas; móveis e eletrodomésticos semiabandonados ao lado de um cachorro preso na mesma condição; nasceu uma verruga dorsal logo abaixo da nuca; íncubos enxergam corpo de onde roubam energia; Ha Ha Ha Ha Ha, meu! Tá loco, tio! O bagulho dá de 10 em Heliópolis lá, ah, parça, cê é louco, tio, ser homem é saber incubar tesão no coração indefeso? Essa arrombada não para de tirar sarro de mim respeito olha esse cabelo seco sem tratamento quer usar Neutrox? vai trabalhar vacilão usar Kolene! Cão raivoso da luta de classes inferiores Assinem a lista se não paga multa de 50 real (traduzo pros sul-africanos e nigerianos); briga entre Sarita (a mona suplente de olho roxo e barrigão à mostra) com quenga que afirma Tu não é meu macho!). Segue-se crescente balbúrdia. Converso com uma masisi semibanguela sobre hipótese de terem assassinado a última trava coordenadora, Jussara, ~delegada~ do saudoso Pena Forte: deixava várias pessoas - incruindo eu - morarem de graça no Ocupa Prédio de Vidro. Alguns boatos dizem que foi embora com cerca de 15 mil da contribuição feita pelos mensalistas não-isentos; e/ou que foi para Santo Amaro à procura de um antigo amor de sua juventude em Exu (PE); e/ou que se juntou aos recentes insurgentes que uniram forças para ocupar casarão da São João formando assim o MMM (movimento mundial de luta por moradia). O fato é que ela não baixava voz à alta cúpula do movimêinto, que carece de estratégia prévia às sucessivas ocupações mal-sucedidas, ao contrário do estruturado pré-planejamento que ostenta o FLM da Néti. Ora, aqui saem invadindo qualquer prédio vazio que no mínimo esteja com todas luzes apagadas sem pesquisar histórico, proprietário, se IPTU está em dia, se tem zelador etc; parece um monte de barata tonta mercenária, só querem saber de tirar dinheiro do povo! (a contribuição é de 150 até 450 reais, depende do tamanho do espaço. FLM cobra singelo 50 pau, aguerrida militância). Interlocutora me confessa seu sonho: gravar um cripe com Rita Cadilac: "Mulher Mangaba e Mulher Tutti-Frutti". Sugiro que o cenário seja fila da Boca de Rango. Ela arregaça grandes lábios e mostra gengivas, alegre. Saio pra manguear café: sou mal-sucedido.

 -  ***6° andar cadastro 75 Paulo ou João (marido dela). Te dou assim uma luz, digamos, distribuir panfleto em Santo André, que tal?
- Tá
- Já trabalhou segurando as praca?
- Arram. Eu bato lá sexta-feira, blz? Falow, boa noite...

Saio pra procurar Jurema que foi dar rolê e não voltou. Encontro o michê tatuado musculoso com seu filhinho no 4° andar. Ele aderiu à moda de iconezinho embaixo dos olhos: diamante. Pergunto:

- Tem água no teu andar, parcêro?
- Ô, cara, sei não, vê aí.

Ele dá as costas no meio da conversa, meio arredio, meio tímido, meio índio desconfiado do europeu colonizador imagético de transatas punhetas em sweet surdina. Vou até o banheiro, não sem antes descobrir amor pela cabeça do meu pau, já em flor, na aura da cabecinha do piá, brincando de desbravar territórios desconhecidos. Nisso seu pai volta a falar, meio comigo meio consigo mesmo: Minha mulher me deixou.
Começo a cantar, distraído, 🎶 você foi embóga bóga bóga traveco num 🎵


¡chóga!



17/03/2015

tá:

tá:

saí hj com minha camiseta gola v vermelho-sangue comuna (...), minhas correntes de ôro, bermuda tipo surfixta, chinelos havaiana preto e picumã como antolhos. não demorou mto comecei a me interessar pela moda duns branco, aparentemente saudáveis, tipo classe média C&A, capisce? tavam usano camiseta da seleção, sopravam vuvuzelaj... perguntava aos que passavam assim vestidos:

- Ué, voltou a copa?
- Quanto tá o jogo?
- Quem tá ganhano?
- etc

interlocutores me olhavam com cara de cu, riam constrangidos e/ou falavam é pro impítima seu petistaaaaaa (gritando dentro de um carro em alta velocidade que passou na brigadeiro). depois de algum tempo desisti de esclarecer. gargalhava do surrealismo da situassã mais alto ainda minha risada de zé pilintra ecoando na av. paulista inteira.



HUAHUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHUAHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHAUAHUAHUAHUAHUAHUAH


(economize água)

29/01/2015

sertralinizado

Bononi: o melhor exemplo de pessoa 2 caras I've ever known.
Desde a primeira vez que pisei em terras bandeirantes notei o quão vis as disputas por espaço podem ser. Dentro de um só corpo, 2 culturas. Posso ficar horas e horas falando de um gremlin nazista, seus modos, costumes etc, mas não é tarefa minha. O Brasil é um país em formação e, assim como Ângela Rô Rô, eu odeio gente. A gente quer, na realidade, exibir bem-estar, o que é um erro. A gente quer fazer uma ocupação ~artística~ aos moldes europeus num estado cheio de atores e escritores sem-teto.

Ouvidor 63: o epíteto de ocupação burguesa - entupido durante estadia, por mais óbvio que fosse - resume a realpolitik que dá prazo de 48h pra cair fora do recinto mal-assombrado. eu hein. Não espero, excluo do face mineiros e a baiana nos primeiros minutos da contagem regressiva. Deixo de seguir a bruxa que ~maqueia~ agouros. Deixo de ser ponte de encontro entre gremlins bem-sucedidos. eu hein. Pinto o cabelo de roxo, visto correntes de ouro e dou a volta por cima.

Ocupa Salomão: acordo com um polícia arrombando a porta, cai fora! Posso fechar a porta pras gatas não fugirem? A que deixei de recordação, Andrômeda, não sabe cagar na areia. Jurema e Osíris, comedidas, esperam caminhão da prefeitura. Explico que a deusa egípcia é lésbica, em homenagem ao bruxo que também achou a relaxada no 12° andar. Seu nome não explica: boca do lixo, bom filho à casa torna. Não publico com medo das represálias. Infelizmente também não os desejo boa sorte, sei do poder de desdém dos oprimidos: inveja, aleluia!

Sua presença é a violência, você agride saídas do labirinto, hipócrita, flerta com sereias abissais. Aqui fora, boca de rango em recesso, gente burra e sem cultura - segue a provação. Esta localidade seria tópico da crítica, mas não sou obrigado a te explicar, hipócrita.

Lopes Camarada (Carol): feminazi stalinista. Os fins justificam os meios, ando armada, nunca sei se sou amiga, inimiga dos ~estrangeiros~. Cursinho da Acepusp, todavia, é fascista disfarçado de esquerda. Recebe dinheiro público mas cobra pelos serviços prestados. Mó disputa de osso pela coordenação. eu hein.

Homossexual Homofóbico (ou bi, no mínimo. ~marido~ da coordenadora): se fosse no café da manhã coreano evangélico, encontrasse professor gaúcho, quiçá destraumatizaria 1° impressão do seu caso com o físico, ao ver o pau sem prepúcio? Surreal, batizado no rango, digiro álgebra sob doces lábios pintados de rosa schxóckin'.

Ladrão: não sei até que ponto é bom vestir carapuça das suspeitas. É na verdade maneira bem-humorada de reagir, sertralinizado, a esse verdadeiro karma que suga energia vital. Osíris conduziu-me à senda dos ratos de mocó: insuspeitada armadilha.
Ser perseguido pela polícia pode fazer você se sentir descolado, bad-boy, mas quando CAI A FICHA é uma MERDA, cisma impregnada de leptospirose astral, carimbada pelo medo.
Martela a música de Falcão "Também Morre Quem Atira", antes que notebook e demais pertences subtraídos sejam; é como libertar-se de um peso, pois matéria é dor.