22 junho, 2008

neo-elegias III

Ninguém

Cheguei na humildade, em um mundo escuro. Tentei fazer amizade, tentei me sentir seguro. Ninguém continuou me olhando. Ninguém me ignorou. Não sei mais o que fazer com o meu mundo real, já não enxergo direito. O tempo passou, finquei raízes no esgoto. Sou o que restou, duma versão melhorada do Diabo. Apenas sigo mais rápido, dentro da imobilidade. Nas plantas que eu molho, sem poder vê-las crescendo, podo solidões sem muita demora. Se eu amputasse as asas de todos os pássaros não seria um assassino, e ninguém me inocentaria. Mas eu amo ver deformações no ar, que me agradece com uma boa canalização de pensamentos não tuberculosos, para que eu perca contato com a ventania, e apenas assista, ninguém me carregar. Para que eu sinta a falta de sonhos no chão, que ninguém deve pisar. Como se quem estivesse dizendo adeus à ligação principal com a vida fosse eu, não mais as lágrimas, pra molhar o chão, que ninguém deu importância

Nenhum comentário: