30 setembro, 2008

oferenda a Iemanjá


*Manjar...
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Ingredientes:
- 250g de creme de arroz;
- 01 pescada inteira;
- azeite de oliva.

Modo de preparo: Faça mingau com o creme de arroz e água e uma pitada de sal. Limpe a pescada e asse-a na oliva. Coloque o mingau numa travessa de louça, deixe esfriar, coloque a pescada assada sobre o manjar, regue com oliva.
Deixar perto de algum rio de água limpa. (Iemanjá é mulher de fartos seios e filha do rei do mar, mas herdou mais do que os domínios do pai, que fique bem claro que ela é senhora de rios, lagos e águas correntes também...)


*Em comemoração especial... (2 de fevereiro)...
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Na beira da praia, aquele ritmo de atabaques misturando-se à maresia e marulho são ingredientes misericordiosos prum bom transe...
Sabe aqueles barquinhos azul e branco?
Ele pede canjica branca;
- cocada branca;
- espelhinho;
- brinco;
- anéis;
- pente;
Vosmecê faz seus pedidos e agrada a rainha do mar.
Faça seus pedidos num papel, escreva o que vosmecê quer, depois coloque mel sobre a folha, coloca embaixo da canjica fria, coloque mel em cima da canjica e a cocada em cima desta, daí coloca ao lado da imagem de Iemanjá dentro do barquinho... Ela é vaidosa e pode tornar-se vingativa, cuidado...
Faz um buraquinho na beira do mar e acenda as velas...
Entre no mar, deixe passar 7 ondas, mais ou menos até o joelho pode ser, coloca o barquinho no mar e...

...ODOYA!

29 setembro, 2008

floricultura a vapor

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II


É preciso agradecer.
Por ainda estar vivo o suspiro, sob pássaros que aguardam aguçados arrimos.
É preciso saber a diferença entre lírio e lis.
A faxineira burlesca resigna-se:

__ Você tem razão. Esse Eight não é tão mata-rato assim.
__ Bom, que fique claro o domínio da íris.
__ E as tulipas da Sylvia Plath.
__ Hahahahaha... Você é poeta?
__ Não. Gosto de poesia. Escrevo uns troços, mas tenho vergonha de mostrar. Tenho amigos poetas, mas me contento em ser uma mera atriz, por enquanto... Gosto de Baudelaire, da Sylvia, do Luiz Gama (AMO)...

Ruth Blumenstrauss parece distante:

__ É preciso agradecer o café do chinês.
__ Eu sempre agradeço quando eu pego.

Sinos dobram. A floricultura relativamente vazia permanece cordial aos longínquos pios, aos circunlóquios sob fiel redoma de vozes. Xexereguns é doutorada, primeira dama do respeito para com solidões alheias. Não se trata de deboche, nem de sarcasmo às avessas, é preciso revisitar luto: o bilhete, cuidadosamente guardado, mal sabia da astrologia da íris, não obstante seu recado alegrava-se por não ser tão importante quanto aquelas extras lições de jardinagem.
Nobre pensamento reaparece:

__ Perdão. Enveredei-me numa figurativa alunissagem. Que entorpecente você tomou?

Os olhos de Xexereguns pré-marejam-se com 59% da lembrança de encanto caiçara: pelas oscilações da íris dos gatos identificara boa maré, era pálida, plena adivinhação oculta quem lhe dizia:

__ Clara e francamente, hipnotizei-me pelo mar, tirei minhas roupas e tudo mais, branquela que eu só. Foi numa praia semi-deserta. O luar servia como única iluminação da escuridão. Afoguei-me em meus desejos, feliz que eu só. Suicídio involuntário? No creo. Deram-me como desaparecida, depois morta... Amanheci na casa de um gentil pescador, desde esse dia que...
__ Ok Xexereguns, é o suficiente. Eu sou eu, você é você. É legal, às vezes, adequarmos-nos aos limites da vida. Ah... Flores sangüíneas...

Surge brando ritmo de sanfona no radinho. Com carinho, é preciso agradecer tal mimosa memória pública. Do que você está falando? Onde você quer chegar? O mistério do amor é maior que o mistério da morte. Ruth Blumenstrauss desliga o radinho e liga uma tevezinha:
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__ Vamos negrinha, vamos logo para elas, elas nos esperam desde tempos remotos e mais uma primavera dá os primeiros sinais de vida. Veja só. Uma das flores mais populares do mundo, cultivada desde a antigüidade. A primeira rosa cresceu nos jardins asiáticos há 5.000 anos. Na sua forma selvagem, a flor é ainda mais antiga. Fósseis dessa rosa datam de há pelo menos 35 milhões de anos.
É de certa forma um símbolo pagão, Afrodite estava metida na criação dela, com as graças; parece até que Jesus respingou seu sagrado sangue para dar mais emoção à flor, ligada muitas vezes com segredos escondidos da igreja durante a idade média.
Tirando certas híbridas, não existem rosas sem espinho - diria um poeta desatualizado.
O gênero Rosa é reconhecido por sua complexidade taxonômica devido, em parte, à hibridização, poliploidia e apomixia.

__ Entendi perfeitamente.
__ Ah, menina...
__ Sonhei que eu era uma sereia, e deixava uma rosa verde e triste na ponta do casco do navio dum marujo que se deixava levar por amor, coitadinho.
__ Bom... Serenamente sondemos nosso aveludado objetivo. Sonhos com rosa são legais, elas fascinam mesmo.... Nabucondonosor usava-as para seu palácio e, na Pérsia, onde elas eram cultivadas por sua essência perfumada, as pétalas eram utilizadas para encher o colchão do sultão. Sabe, sua voz me lembra uma rapariga do hip-hop, não sei ao certo o nombre dela...
__ Ela também tem problemas de dicção?
__ Não.
__ Tudo bem, pode voltar a falar da flor do amor...
__ Sabia que na verdade ela foi criada por Clóris?
__ Nops...
__ Afrodite só ajudou um pouco com sua beleza, Dionísio proporcionou-lhe o néctar, e as três graças deram encanto, esplendor e alegria.
Ave Maria criou as brancas, depois que seu cândido véu metamorfoseou rosas vermelhas.
Rosa amarela significa enfraquecimento do amor e infidelidade;
Rosa rosa significa "Amizade, Carinho, Amor..." - oferecer para muchachas or mujeres;
Rosa branca significa "Pureza, Paz" - oferecer para mujeres mais jovens;
Rosa laranja significa "Fascínio, Encanto" e pode ser oferecida a mujeres de mais idade;
Rosa champagne significa "Admiração, Reverência" para ser oferecida a mujeres de mais idade;
Rosa vermelha é um modo direto de dizer "Eu te amo" significando Amor, Passion.

continua...

eleições 2008

Pessoa atraente e/ou atenta às fofocas-fantasma.
Aquele brilho no olhar, aquela vontade de vencer, sacas?.
Como se nada fosse verdade, a característica de quem não existe aos olhos da sociedade de sociopatas deve exalar aquele pathos, aquele partido reflexo agitador de energúminos. Emoção histórica pluralizando futuro, roupas descoladas e táticas fora de mimodramática moda; contudo, hábitos de Nazareno encontram atalhos da trova que atualiza credibilidade.

_ Concorda em parte ou totalmente?

Renda mínima dos perfis é de r$ 10.000,00, foco no frio, tênis furado. Nessa democracia burguesa burocrática, dados adaptados.
Passa um carro tocando a dança do créu.

_ Quantos rádios você possui na sua casa, quantas TVs? Aspirador de pó e/ou vaporetto?

Nazareno encerra a entrevista, virtuose da verificação. Skinheads passam do outro lado da Floriano Peixoto. Várias cabeças do mesmo corpo sem escopo fixo que não seja o da urgência reformista.
Sérgio Mallandro, Salete Campari, Agnaldo Timóteo, Clodovil, Netinho, Nega Diaba, judocas, Gretchen e sua filha. Por que aquela médica desapadrinhada grita tanto? 36500 vezes não! Não anule credibilidade da liberdade.
Boicotando farra das farsas Nazareno recebe mais um questionário, atravessa a rua, feito gnomo de skate e fxdxpx , woohoo! De bode horror eu sou.

_ Com licença moça, posso fazer una intransvista com você?

Ruth Blumenstrauss há muito notara cabaleriais de critérios debaixo da sandice de santinhos (alardeados). Mesmo balançando a cabeça, o cafuçu anuira tão somente aos opinativos operários de convicta confraternização de cúmulos, dispersos, sob azul zênite da apoteose (de previsões).

_ É claro.

Nazareno legitima o pico e aquieta picardia. Muitos passantes, inclusive seus colegas, não desgrudam uzóio de seu poder de popularizar-se. A despeito da bunda de pagodeiro, olhos de nóia globalizam cerúleo campo circunjacente.

_ A monobra de suas manobras competitivas é um substituto para a inércia da inalação...
_ ...De humores que não humanamente meus?
_ Yeah...

Fato é que a falta de olfato financeiro subjuga centro e esquerda dos latifúndios da fé (esférica). Veja só as solas desse sol maior que democracia do desinteresse; aquele umbroso umbu que, à espreita, está sempre lá, resguardando soturna sombra à leitura pós-baudelaireana.

_ De onde vc é?

De muito longe, dum tempo sem roubos em ré, do telúrico tato nasceu verdadeira verve mais e mais elementar à não-violência.

_ Aceita?
_ Não, obrigada. Só com seda de celulose agora.

Para esconder fragilidade do clímax de fertilizantes, servidores públicos, professores, estudantes e camponeses respondem ao corte de brisa com greves agremiadas ao redor de TVs que exibem milhares de golfinhos sendo degolados, tartarugas deformadas por aros de plástico, aves contaminadas pelo mesmo material. Ciclos de mercúrio.

_ Vodka com energéticos?

Ruth guarda a garrafa dentro de bolsa consciente e ajeita a calcinha de fibra (de juta). Olhares sexuais soterram potência estrangeira.

_ É meu supervisor.
_ As pranchetas são cor de açafrão?

Cimentação de cismas tecnorgânicas deixa de sonhar com bolsa-família; nem 100 anos degradariam aquele clima de subtemas (substanciais).

__ Aqui está o meu número.
__ Violação de correspondência é crime.
__ E o futuro de nosso país? 




ficadica.
compartilhe seu carro. pratique carona solidária e diminua a emissão de poluentes, levando pessoas que fariam o mesmo trajeto separadamente. você vai se tornar o(a) cara(mina) mais simpático(a) da cidade.

08 setembro, 2008

blindness

_ Tudo depende de você.

Talvez psicocinese de naticego conduza realização dos sonhos. É noite? É dia?
Cada um por si.
Pode a realidade de uma pessoa só ser tão forte a ponto de disseminar e igualar deficiência? Para que uma comum desgraça facilite a maravilha da descoberta de que ninguém é melhor do que ninguém, pálpebras prazerosamente pesadas? Guardando a si mesma compreensão final de suas dúvidas, Julianne se esquece de São Paulo, a seus pés:

_ O futuro da América Latina é Negro.

Não concordo, não sou leitor de fan-fiction - de nada adiantariam escarnecedores apelidos pra desculpar o eremita cachorro de Glauco Mattoso, já tinham nome próprio quaisquer respostas de Julianne, e afinal o cão, presente de Silvetty Montilla, não lamberia-lhe a face apenas atrás de comida.

_ Venha comigo.

São Paulo apieda-se do cão apenas depois da morte. Quem sabe ele possa redimir-se da tara sexual por pés? Julianne, já repleta pelo mar branco, sai da sacada, tira o cão da perna de São Paulo, e aproveita para ajeitar-lhe o tapa-olho direito.
Cada um no seu quadrado.
Fim de filme é sempre assim: estarrecida, parte da platéia finge que lê créditos finais enquanto os primeiros impulsos já longe digerem uma espécie de incompreensível moral.

_ Dê ração ao cão, Alice.

Alice arrota pré-delícia calculada de ver-se novamente sob densa e sufocante névoa cinzenta. Com seus augúrios embaçados e tudo mais ela não faz questão de enxugar lágrimas e conduz o cão à cozinha. Além de Gael, seduzira outras pequenas quantias de importância expressionista, uma espécie de Eva substituta, diferente das antigas prostis que decifravam macho-líder através do cheiro da fêmea privilegiada. Sua polinização respeitara até o fim Julianne.

_ Mesmo depois da phoda con mi husband?

O casal chinês apressa-se para calar a boca de Alice, na soleira empoeirada da kitchen.
Toca belo solo de piano no andar de baixo, e Danny, digo, São Paulo solta suspiro vigilante. A estória tem que continuar, pensam todos. Após a chuva, após o Auschwitz de 1984 e sua guerra, após insistência em começar a enterrar nossos mortos. Pra quê? Pra que alimentar mistérios sedutores? Relatividades de ícones?

_ Pra idiotas como usted acreditarem.

Cale-se, enterneça-se. De nada adiantaria oferecer de novo nossas mulheres pra conquista de novos territórios. O barulho de avião corta o barato do piano, Julianne esquece das forgotten passagens bíblicas do blog.

_ O que eu coloco, gente? Tudo de novo?

São Paulo levanta-se e Julianne desliga o pc, ao lado da criança. O que poderia ter sido de tudo isso? O barulho do piano volta de nova maneira, com vocal:

_ I just called
to say
I love you
I just called
to say how much I care

Faminta por novas discussões, sobre a mesa central, pirâmide com um olho dentro é removida.
Tudo vai dar certo.

_ Precisamos nos aquecer.

Todos se reúnem ao redor da fogueira, santos estão de beatitudes vendadas, Alice volta da cozinha rebolando. Alta noite de branca sujeira, de nada adiantaria agora os r$ 3.500,00 que achara num dos armários em cima da banheira.
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