06 dezembro, 2008

antigo perfil de orkut

fui o garoto simpatia do meu colégio
tenho medo de machado de assis
chorei quando a nazaré morreu
chorei com a música "sometimes salvation" do black crowes
tenho bunda de pagodeiro
bela lugosi's dead
I'm dead undead I'm dead
sou militante
sou solteiro
profissão: vagabundo

vâmo?

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♥ ♦ ♣ ♠ ♥ ♦ ♣ ♠ ♥ ♦ ♣ ♠ ♥ ♦ ♣ ♠ ♥

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26 novembro, 2008

vâmo?

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[clique para ampliar]






ventilação da aura
vão do sustento
vão esquecendo
o cheiro da casa
d'altas asas
Gentis aos beijos
Senis das mãos


02 novembro, 2008

transgenesis

Muito embora a treta soasse primaveril, seria difícil transferir gestão daquele frugal pseudofurto.
Eram 3 ou mais contas de luz e água atrasadas, 3 ou mais páginas de sombra pra disfarçar nada tímidas relações de tempo.
Nítida e estatística geometria foi transferindo picuinhas e tentativas de polução, estimuladas pelo idoso blush, em harmonia à noite - mais condizente com prosperidade de KY-33 no trígono das Perseidas.
À altura do clima de saia justa -televisionado pelas fendas lobistas da apuração final de nanosalmos-, relâmpagos e trovões da profecia não alteram o humor paralítico da fisionomia: toda de branco -dublando o fim de mais um beijo em Todomundo-, em tules, florzinhas, tafetás, mosquiteiros e tiara de conchas sobre a volumosa peruca de Clara Nunes.

A despistar crise ao mesmo tempo em que camuflava não só o segredo do novo ciclo, como também os euros, debaixo do picumã, deixando de expiar como louca assim que, incitada, a caravana da Crackolândia distrai olhares furtivos do Silvio Santos sobre o peito tatuado; portentosa, Penelope Jolie aproveita pra desmocosar o dinheiro e passá-lo ao calouro contíguo, Todomundo (travestido de Roy Batty). Tudo que câmeras captam é o 3° turno do acerto de contas:

__ Quando usted vai pagar o aluguel do unicórnio?
__ Assim que vosmecê deixar de manter a tradição de emprestá-lo pro voo imaturo dos teus ebós transgênicos. Não vou ficar custeando as peripécias do teu edi.
__ Roy, el pegáseo inferno está confundindo sua cabeça; até agora, pelo que jo sei, apenas suos pés saum alados.
__ Cadê a tristeza?
__ Mixqueci na espaçonave!

O 3° candidato já ia reivindicar o n° de ciganomania quando o casal retira-se correndo e translorixando baile até os bastidores.
O pré-programado pulso do novo ciclo palpita nas últimas bocas de urna de igrejas.
Desesperada pela demora da bunda e culotes, Jussarinha da Beijaflor bate cabelo sobre olhos lápide, para que a tumular cabeça abduza menos dor na contagem regressiva pra KY-33.
No estacionamento do estúdio, comadres codificavam correlação de forças da audiência laranja.
Em braile fluidez, é desaquendada alfazemada condução pra Todomundo, que cerca de 3 horas mais tarde volta do câmbio negreiro e, por sorte, calça com Penelope Jolie zíngaras pernas da corrente até a nave.
Reabilitada, sem chuca é uó - dizia Piu Piu, travestida de Maria Antonieta - mas o papo é reto e ela reitera Penelope Jolie da urgência urânica dos ovários.
Sem resultado emocional, Piu Piu coloca pra tocar uma música evangélica - o que acaba, com titânica eficácia, fazendo brotar lágrimas fosforescentes pra decolagem. Todomundo entra no embalo e batiza a primeira cédula chinesa.
Deixando de tirar cascas de feijão e milho dos dentes, Raquel Munhóz, de Chacrinha, reúne o 3° grau da melancolia dentro do cálice vermelho de cemitério.
Piu Piu dá por encerrada a trilha de Mara Maravilha, mas engarrafamentos atravancam o canto das 3 raças. Era preciso que a ronda do império aliban cruzasse com 3 graças, germinando patrulha em cão menor, pois as últimas odaras operadas mal abrem olhos da voz e cantos rosnam de raiva por não receberem flyer pra buatchy sagrada.
Apadrinhamento cósmico fermenta: idéias dentro do útero simbolista pedem que Todomundo intua alerta vermelho pro fim das carreiras...

Já por dentro do esquema, extasiada, Piu Piu decide conferir cheiro de autenticidade no passaporte / Raquel Munhóz chupa bala e oferece boca a necas indigentes de hercúleos e dionisíacos transeuntes / Penelope Jolie esteriliza as seringas.

***jurisdição de altercredos***

Globinho de espelhos convexos discoteorizando: voltam a circular espinhos de luz. Perto do pico da neblina de Andrômeda, o arco íris de fósforo abraça primeira fronteira (fantasma) da (opulenta) apoteose.
Na entrada --área de alto risco--, perigo. Esqueletos eletrificam-se, contagiados por estranha alegria. A suingada escoliose não dá ouvidos às serpes espiãs: parte-se o portal de costelas. Numa tréplica de falsete 7% tabajara, miss Jolie alonga, estala e massageia guardiões da alfândega, voltando do mato com o leite condensado, como tira-gosto. Na superfície de correspondências a segunda refeição do salvador, galëre!
Todomundo planta dinheiro já carimbado pelas lágrimas no esterco da bacia tiranossáurica, Jussarinha da Beijaflor cumprimenta comparsas com abraço alfa e testa a potência dos microfones atmosféricos.

Alô alô, marciano, aqui quem fala é da terra.

Cof, coff. 9% apático Todomundo liga amplificadores do satélite.

Hahahaha!
(por cima)

O reality show convalescença trava conversa com vicissitude de agulhas, perto da calcinha.
Ai ai ai, oh! Obstruindo encruzilhada: opera-se o pré-milagre!!! Mal quadris avolumam a seda preta e vermelha, KY-33 entra no greatest eclypse e Jussarinha empunha violão e rebola, frenética.

Doce e muy tocada, Raquel Munhóz leva o silicone excedente pra dentro da nave.

Piu Piu solta a pomba branca.

Atenta aos capciosos conselhos finais do novo ciclo, oh, vida! como esperado, a admirável boneca nova reverencia conjuntura transcendental e bate cabeça na esquina das correspondências, truncando destinatária semântica.
O raio azul leitoso finalmente remete prestígio, batendo a mil na cúpula.

3D: transmissão começa: meio tonta, Jussarinha canta e toca Whole Lotta Love.
Fumando charuto, Penelope Jolie tenta uma última vez:

__ Usted mi perdôua Todomundo?
__ A fiadora desse perdão deveria ser vosmecê...
__ Yeah...
__ Aqui está a chave...

Todomundo lhe dá cálice vermelho de cemitério, ela se aproxima da pia e despeja o conteúdo na rósea e tesa boca do robozinho.

28 outubro, 2008

clínica ressurreição

Inflamada por vozes metálicas - difusas, neo-concretas e descontroladas -, Mulher-Balão sobrevoa chão fantasia; cerca de 1m acima dele nota-se cavidade nas solas cegas, mantendo diferença em relação aos gracejos do hélio, escorregando equilíbrio necessário para abrir a porta.
Num voo transversal, mariposas negras acompanham a história da Visita. Mulher-Balão ordena busca incessante por luz, num lustre de canto, lúgubre. Talvez por medo, Visita não encara o rosto da levitação: a recente supressão de adversidades bipolarizou o receio das mãos, tremulantes. Só bruxuleios do limpo encontro de subconsciências permite beijo manual - agradecimento pelo almoço orkuticida dum perfil de novembro -, sem crise, seus dedos, inesperadamente vivos, versejam confraternização requerida ao momento.
Bruscamente, vento uiva e porta fecha-se. Choro de crianças é frequenciado num ritmo meio UTI meio Igreja Universal. Corcunda, Mulher-Balão conduz Visita pros trilhos magnéticos dum tipo de trem-fantasma. A escuridão do casarão vai ganhando tons de luminosidade séc. XIX e superfície de portas e paredes lembra um verde cirúrgico The Dope Show. Marilyn Manson sai do quarto 1 e tranca 7 segredos da porta de entrada:

- Silêncio, crianças... Vocês que reintroduziram propagação de lágrimas psicodélicas?

Dentro do quarto 1 Visita vê bebê choroso e loiro. Recém saído de quadro da meia-noite e/ou do cemitério maldito ele chupa pirulito subliminar de lótus:

- É que a bruxa do 71 soltou de novo o Satanás.

Marilyn Manson ajeita seios postiços e retruca:

- Vai nanar com os demais, a Visita precisa despertar infância.

Uma tecno-enfermeira moribunda e também loura recoloca o bebê no berço coletivo. Inexorável, Mulher-Balão reoculta-se no capuz negro e reameaça algo com foice de plástico. Trenzinho volta a flutuar, quarto 2: música clássica, talvez Mozart, paredes de azulejo branco e denso vapor aromatizado por ervas sagradas, boldo risonho e/ou arruda indica. Trata-se de verdadeira sauna anos 1950; sob assentos, também de azulejo, a única iluminação de lanterninhas azul-esverdeado-água climatiza decadência da luxúria em dois corpos que esfregam-se com delírio purgatorial, sobre os assentos. Suor do gozo ganha vida na forma de mini-cintilâncias híbrido-cordadas, flutuando na grandiosidade da corrente de vapor. Mulher-Balão suga um sereno cardume dourado com seringa, amarra torniquete no braço da Visita e injeta-lhe doutorado em transcendência afogada. Visita fecha olhos e lambe beiços, como se estivesse instantaneamente grávida da anarco-cosmopolita liberdade-lírica. Atenção: a gota de saliva mal cai do canto de seus lábios e Mulher-Balão aproveita para lubrificar seus vamps dentes-de-borracha. Blecaute: Quarto 3: Medusa na Medula:

- Eu petrifico quem fala comigo mas olha pra outra pessoa que não sabe da presença dos favônios por fio terra, da felicidade...
- Seus olhos estão rentes ao chão? - entoa Mulher-Balão.
- Confira você mesma.

Serpentes enroscam-se até canelas da aparição, na apoteose de veneno amigo. São Jorge corta brisa do encontro e, com a lança - dotada de variados barulhinhos de sirene - faz o mesmo com a cabeça da influência viscosa (movimentos da Visita continuam respeitando o ar). Água negra que escorre do teto do aposento de repente transforma-se em tulipas, tulipas negras.
Ainda repletos pelo teor simbólico da sublevação, ronronando feito sub-silêncio maquinário, os três saem do aposento, reembarcam no trenzinho suspenso, e depois param em frente ao elevador de osso.

- Forçoso se faz o ciclo.

São Jorge despede-se com doce de igreja menor que ele: Visita agradece, abocanha carboidratos proféticos e digere mais um adeus. Abrem-se portas da cortina de ossada. Com fundo rock n' roll, cachimbo suspeito na boca, cálice de bílis esverdeada na mão, Amy CrackHouse aperta botão -2:

- Preparados pro reality-show convalescença?

Feito escoliose aguda, só depois de piruetas, costelas repartem-se novamente, Amy CrackHouse ajeita sutiã e deseja:

- Boa sorte.

Na verdade, trata-se de gran estacionamento até o muro das lamentações, do outro lado o Paraíso - diz Mulher-Balão. Como corrente humana, cavaleiros do zodíaco enfileiram-se até um crucifixo feito de computadores, pregado no muro. No teto, globo da morte, nevoeiro de espelhos e chuva de caracteres digitais, tornando-se densos o suficiente pra dificultar a visão do rosto do crucificado.
Notando regravitação da trilha, Ikki de Fênix dissipa dúvidas:

- Sacrifício é aqui, ressurreição do outro lado.

21 outubro, 2008

returning to the same ocean (fim do ciclo d'água #1)

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mamãe remix
respeita a data do 9° sono
gravidez da sensatez

tem um anjo aí, não minha filha
Era de aquarius o respeito
irracional de peixes

entre a superfície e os cativos
Hipocampos de Netuno
pense numa pessoa boa


20 outubro, 2008

polícia psíquica

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(...) E o guarda sempre.
em cada canto.
com olho agudo.
de detetive,.
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e a caderneta.
das multas pronta,.
vigiando os gestos.
sentimentais.
da minha mão!.
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Guarda infeliz,.
que desconheces.
este segredo.
do amor que mata.
a flor querida.
e em sentimento.
logo a eterniza! (...)..
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Cecília Meireles.
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biocomputador amanhecera sem sombra de dúvidas, clara hora que se aloja em nanosalmos, nana nenê, nana nenê², mamãe Wunder Jorge até desligaria cabo da vida, mas o campo de forças ao redor do relógio é mais forte. Cá pra nós, de sobressalto, desatado em retardos, convocado é 1/4 do esquerdo instante, olhar de lua minguante, de brinquedo, tão demorado quanto movimentos de pusilânime youtube, cabeça de vento, trocara com papai Vândalo Wanda, oh! Nessa casa que eu mesmo preparei, 1/3 azul, sobre manhã da janela, Deus existe. Oxalá calem-se as trevas, hora de acordar Todomundo.
Todomundo não tem fome: boca seca serena, transpira-lhe lânguida liberdade, roupas emprestadas do amigo, X carne sobre mesa, tênis sobre teto, secando, assustando céu suspeito, casais esculpidos a comprimidos cumpleaños, ali escondido, aluguel atrasado, parentes distantes, estantes noturnas, memórias festivas. Ar mal enche lungs e Wunder Jorge aciona las moscas mafiosas. Todomundo joga fora o X frio. No ouvido zumbidos electro-intensos, elevam níveis adrenavivos:

- Sorry Sr, do you speak english?.

Mal Todomundo saíra do hospital e novas levas de almas americanas puderam prostituir-se sem pudor, sem tempo de resposta, mal o cheiro de cândida limpeza glicerinada encostara-lhe nas narinas e cabeça de vento apenas teve tempo de virar-se pra divisar mariposas negras, milhares de dós, o que é isso? hospício? não, comercial de metamorfoses, nas paredes cavernosas, próxima pergunta paralisante, por favor, por favor, por favor vossa mercê tem cruz e espada, não, não, não, não...
Não dá tempo de falar a verdade, burra solidariedade apressada do dia abre-se como leque, 207° circunferentes, avessa às primeiras articulações da boca recém viúva da noite. Medo de estar se repetindo eternamente, contravenção da mente, coração psicossexy, corpo esguio e malhado, olhos tão perdidos quanto cruelmente doces, úmido torpor. Medo star, olha os aliban.

_ Mãos na parede mané!

Frezze take 3, perdi minha memória em Salvador, Todomundo se come, pancada, Todomundo é enviado da cavalaria, pancada, Todomundo recebe Zé Pilintra e mexe com a mulherada, pancada, pancada, repetindo, repetindo, repetindo, hospital, frequenciador de compreensões em crise:

- Valium, por favor, olhem meus cabelos brancos, já sou bisavô.

Tá, tá, tá, tá na hora de nanar, nenê, da mamãe, foi passear, foi pra roça, voltar atrás, nunca mais dormir, eba! erva cidreira, cobertor, dodói, perdi roupas, o que faço? Queria guardar cheiro da rua, como recordação, caminho das pontes, ir e voltar, como primeira e última vez. Quando você vai começar a inventar coisas boas? Desça do carro.

- Rosto encapuzado, ui, picada no braço esquerdo, 1° tentativa: meia-vida de translorixás neo-ruralistas, 80% de ar desanuindo desanuviações, corta. 2° tentativa, ui, ai, mclúmpem e-guns extraterrestres; eu tinha esse corpo quando era vivo, nova dimensão da persona virtual, feliz.

- Então: internet oferecerá o tal portal?.

Acho que downloads de janelas e portas subtextuais compreenderão a musa dos marginais.

- Mas se eles descobrirem que filhinho de papai estreará no novo reality show de convalescenças?.
- Tente ludibriá-lo com 99% do nível de otimismo americano.
- Estadunidense.
- Fuck off, you son of a bitch. Pergunte se ele prefere cães ou cachorros.
- Ah tah...
- Apagem as luzes...

Wunder Jorge e Vândalo Wanda não são o parricídio à distância, subjugado em chão maltratado, que ri da 3° tentativa, dum palco na frente doutro palco. Na plateia de sutil aceitação e formoso intelecto, gremlins astronautas e gnomos skatistas agitam pompons verde, amarelo e azul.
Beijo da vida de Todomundo, amor da vida de Todomundo, vossa mercê quer o mundo, eu sei o que vossa mercê quer, eu só quero você.

- Todomundo usa ventilador como arma ao invés do aspirador que o amor consumado de sua vida, morto em seus braços, deixa cair, a teus pés.

19 outubro, 2008

sofrimento comercial

Conheço Gustavo Tovo de Porto Alegre - nossa cidade natal. Nada como aqueles loucos tempos de Osvaldo Aranha, Bambu's, bar João, rsrs... Me lembro dele uma vez na passeata contra o aumento das passagens, exibindo uma de suas pinturas. Tinha momentos que eu parava, do nada, e ficava observando ele, que me intrigava - um verdadeiro artista. Agora ele tá no Rio... (nota 02/07/09: já voltou pra Sampa) curtindo a cidade maravilhosa...


Bom, aqui vai uma pequena intransvista com essa figura...
(A respeito do título: o mesmo que encabeçou uma resenha de sua obra, que eu escrevi para o Centro Cultural São Paulo.)
#2 motherfuckers!

transanonymous
- seus trabalhos emanam uma violência, uma brutalidade. original... vc se preocupa em seguir alguma vertente artística?. qual a. importância e influência de outros pintores e/ou fatores exteriores em sua obra?
Tovo - Nunca pensei em associações entre as obras q faço com o trabalho dos outros, embora receba influências elas são recebidas de uma forma mais subconsciente, sempre acabo pegando alguma coisa de artistas q admiro, embora essa coisa de mídia e geração de imagens de um mundo perfeito - mas q é soh de fachada e esconde toda uma podridão da humanidade - seja a minha principal referência. Uma síndrome de underground tb permeia a minha vida, mas isso jah eh outra estória! De qualquer forma diria q essa "violência" e " brutalidade" seria como a minha fachada, não de pessoa mas de artista!

transanonymous - e o q estaria atrás dessa fachada?
Tovo - atrás dessa fachada estaria o q eu sou de verdade ou o q eu acho q sou, isso eh soh uma questão de aparências, e eu decidi - em vez de tentar parecer com algo melhor - tentar algo pior do q eu sou. Fiz recentemente umas fotos similares as q eu usava, (algo semelhante a um editorial de moda), dou méritos ao Gabriel (Gabriel Greghi, um amigo e colega de curso que faz tudo como eu...) pelo resultado e pretendo fazer o msm q fazia com as fotos das modelos. Fora isso ainda deve haver muitos fragmentos e vestígios da minha personalidade, estilizados e formando ícones, como se pode perceber ao longo dos meus trabalhos.

transanonymous - como vc descreveria sua personalidade?
Tovo - Deixaria q alguém descrevesse !. =D

transanonymous- ah, cara, pára com isso, sou teu amigo e tenho idéia de como você. é!... vejo isso refletir na sua obra... sua originalidade consiste em valorizar. movimentos de corpos e/ou caricaturas ora mutilados, ora amontoados... nos. desenhos sobrepostos sobre celebridades tenho a ideia de que tu tá deturpando um. status "do que é certo" que escolheu surgir pela fama... a obsessão que as. pessoas. têm em valorizar mais a aparência do que uma realidade que às vezes. pode. ser. inadequada, tou certo?
Tovo - Está bem, embora eu não seja soh isso... sei lá comecei a fazer elas quando estava numa fase paupérrima e não tinha papéis de qualidade... gosto muito de desenhar em materiais q não aborvam a tinta como o couchê, pois o fato deles jah terem uma fotografia impressa foi um mero detalhe; daí vejo banners, cartazes e outdoors nas ruas com uma visão totalmente artificial do mundo e da realidade, não acho q vida seja isso e por isso surgem as criaturas q muitas pessoas consideram bizarras ou como eu gosto de chamá-las impróprias para "pessoas não esclarecidas da arte"! Lembro-me de uma vez quando fui pleitear uma exposição na assembeia gaúcha e a secretária encarregada para análise me perguntou se eu queria expor as minhas obras ali aonde circulava gente? Q seria muito forte para as pessoas passarem e se depararem com um quadro meu, estranho eh q, pra mim, tirando a beleza plástica, não há nada de mais nas minhas pinturas. "Técnica e capricho" - assim eu defino meu trabalho, o resto são ações do subconsciente, muita coisa muda entre a ideia original e o trabalho finalizado...

transanonymous - suas noções de estética partem do princípio de que a beleza. está na feiura e esta seria consequência de alguma produção exterior que vc. condena?.
Tovo - A beleza se encontra nas cores, são as cores q atraem as pessoas, a deformação surge apartir de um exagero da beleza onde ela não pode mais se sustentar, o fato de q sou privado e de me sustentar da minha arte no momento tb influi nisso. Outras particularidades tb!.


transanonymous - amigo, valeu pelas respostas!!! aí vai a próxima pergunta... a entrevista tá pequena ainda... como tem sido sua vida ultimamente?
Tovo - Ah legal... bom q perguntou, minha vida tem sido cheia de altos e baixos, posso lhe dizer q sempre q eu penso estar em uma situação estável vem a vida e me puxa o tapete, hj não estou me sentindo bem, tlvz até msm volte a me sentir depressivo, embora ontem eu tenha tido um dos dias mais legais desde q cheguei aqui [em São Paulo]. Não me considero aceito pela sociedade, sou frequentemente rotulado de algo monstruoso embora eu nunca tenha feito nada, apenas vejo grande parte das pessoas como algo podre, justamente o q elas gostariam de esconder, tlvz esse seja o meu crime e isso me faz e sempre me fez não ser aceito por coisa alguma. "∉ " símbolo matemático para não pertence ou não está contido, acho q isso q sou, minha vida eh insustentável em relação aos outros, qualquer coisa q se aproxima da aceitação é uma farsa. Esse foi meu momento deprê. Quando estiver me sentindo alegre lhe escrevo sobre as coisas boas da vida!

transanonymous - essa tua última resposta foi inesperada pra mim... ou... sei. lá... não é sempre que alguém gosta de falar que a vida não está boa, assim, abertamente. existe algo que vc precisa que eu poderia fazer?. a gente poderia. conversar mais sobre as coisas boas da vida... olha só! aquele fio do celular, não. consegui ver qual é que era... pode me ajudar qualquer hora?. qual o valor que tu. dá pra amizade?. esse ainda é um valor?. abração!!!.
Tovo - Ah não sei, minha vida como eu disse eh feita de altos e baixos, posso me sentir bem tendo uma bosta de vida ou mau ao contrário, acho q preciso de estabilidade, mas instavelmente tudo se ajeita, quando eu tiver certeza q as coisas boas da vida SÃO REALMENTE BOAS conversamos, ok?. Pior q comprei um celular novo e realmente tem uns troços de bloqueio para salvar imagens ou algo do tipo, mas podemos ver isso qualquer dia. O valor de uma amizade eh outra amizade, enquanto eu terei a tua terá a minha e as coisas ficam por aqui! grande abraço!


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delirium sêmen

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doce desilusão:
cavem-se leituras
pela chuva
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através do gozo:
calem-se ruas
dissolutas
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16 outubro, 2008

terrenum tremens

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Como uma conversa paralela
Caem sementes, casas
Climatização de pausas

D'umbigo equilibrista a rir
Derramando olhos
De labiríntico nadir

minha bisneta

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A série transcrições
de conjunções
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.O passo fantasmagórico das águas
...
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Descendem de um ritmo invernáculo/ abandonado o arroubamento materno/ adiós porto/ 18 anos roubados por coincidência/ sem fronteiras/ timidez/ chove/ a literatura precisa praticar mais exportes/ casa antiga/ esquecemos de manter a tristeza/ pelos aires que recuerdam o fetiche de ouvir o sotaque de poemas pela boca dos autores/ Verónica/ her name/ vovô uruguayo/ lírica velhice/ camisa rosa/ bigode grisalho/ we're both guarany/ my distant hijo/ nariz adunco/ semi-calvo/ nuevas vozes...
Golfinho que sangra
à procura da família
Não reconhece esse chão
A dor adoptada
À nativa alergia
Duma carne que viaja
Filmada pela TV Cronópios/ Casa das Rosas/ Seu bisavô está na plateia/ Divulga no Orkut sua foto num perfil fake/ pra despistar os curiosos/ comes e bebes/ amêndoas/ nozes/ somos as/ árvore/ bosque/ Maria Alice ao meu lado/ Virna Teixeira/ Claudio Daniel/ Horácio Costa/ Situação anómala/ a gente se encontra em continentes hegemónicos/ um leque espanhol/ r.e.m. #7/ eu e mel corpo/ atavios de atavismo/ Claudio Daniel naum tem TOC de tosse/ Maria Alice parece inquieta/ estava tentando prestar atenção/ disse ela depois/ Edson Cruz assiste a tudo/ Bom crioulo de Lêdo Ivo/ El negro bueno/ convites de vidro varridos junto com interrogações de arrulho de espinho/ anonimato adivinhado/ abajur formato bola/ 100pri me intrigou/ a condição dos artistas em geral/ uns levam a melhor.../ o filmador começa a fungar/ tecido social/ contemporâneos fotopoemas paranormais nas paredes/ formar um teatro/ formar una revisteniä/ ter dinheiro/ automatismo editorial/ adivinhou minha associação de Verónica com a condutora do tecido social/ um doce e idoso perfume torna o ar menos doloroso/ não olhe/ para os comentários críticos do meta-critério/ és una situación rosa/ o céu tá ligadão nos sels segreods/ nosso desconhecimento recíproco estala a beleza comum/ tês que escorregam em afectuoso atrito/ publicado em Oaxaca/ vanguarda da descoberta/ dentes à mostra/ reflexo metallico/ da armação dos óculos/ acabou o poema mas parecia q continuava/ un poema para niños/ coluna feminina/ poema de alexandria/ versão rave/ sobre la parte del cuerpo/ orejas paar ouvir o silentcio/ naum tape las orejas/ cási perto de mi tempo minha infância en casa de Leon Trotsky/ Diós/ Espíritos históricos/ histriônico susto/ tapa la esquerda naum!/ vá pro inferno/ transgêneros troços/ trosko asseio/ ouvindo no peito/ começa a latir/ poetas representativos/ começou como uma brincadeira/ e foi indo
indo
indo
indo
lendo a mim mesmo/ poesia narrativa/ dividida/ estamos indo por aí/ estão os índios por aí/ mucho más pobre/ una riqueza q muestra/ sus dentes de pérola/ a palavra felicidad/ cotas políticas/ Willem Dafoe me pegou/ cotas políticas/ tiopês selvagem/ poor culpa difundida/ jo me quedarei de pelo largo/ el asho/ okeuyyys?/// mundo indígena/ plateia atuante/ lei ortográfica/ sensibilidade do imaginário indígena/ esperanto a conta/ vencer/ segundo lugar assombroso/ morte sem fim/ chinês selvagem/ efusão/ una América más feliz/ caminho místico com outras ferramentas espirituais/ lascívia arrastando/ no repetir-se é muiot difícil/ quiçá cada vez masi
emocionante
design da crítica
Verónica Volcow

04 outubro, 2008

utilidade pública



Garrafas de plástico deixadas no carro: foi assim que Xereta Cow teve câncer de mama. Ela participava do show Mulholland Drive com Virago Dreams e falou exatamente deste assunto. Esta questão foi identificada como a causa mais comum dos níveis de câncer de mama, essencialmente na Austrália.A mãe de meu amigo Nazareno foi diagnosticada com câncer de mama também... Seu médico disse que ela nunca deveria beber água engarrafada que deixamos no carro. Ele advertiu que água em garrafas de plástico deixadas no carro aquecem com o sol e, com o calor, se contaminam com os elementos químicos do plástico e que estes podem causar o câncer nos seios.
Por isso mikow, tenha cuidado e nunca beba a água que foi deixada no carro, e avise toda galëre, principalmente as minas, que esta é uma informação que devemos conhecer e repassar.
O calor provoca as toxinas do plástico, que passam para a água. Essas toxinas foram encontradas nos tecidos mamários da Xereta enquanto ela excursionava com sua última digressão, Medusa na Medula.
Use frasco térmico ou garrafa de vidro em vez de garrafas de plástico, okeyyysss?////
Em nome de Father Lucyfer, por favor, informe todas as tuas miguxas e todos teus emuxos que tenham mujer, hijas; e djá!

01 outubro, 2008

transcendência afogada

Oficialmente, os 4 elementos fundamentais da natureza são fogo, terra, ar e água. Cada um tem sua função, grau de adaptação, combinação; juntos - nos estados sólido, líquido e gasoso (sem falar do plasma e da hipótese einsteiniana da luz) - eles tentam sobreviver no mundo, depois que a raça humana subjugou-os de tal forma que se tornou vítima de suas criações.
Agora imagine que vivemos em algum lugar, primórdio de planeta onde essas matérias ainda não se misturaram muito, como num urbanismo primitivo, hibridez flutuante... Idéias esparramam-se sem futura evolução em vista, pelo prazer no significado que engrandece uma narrativa que é o próprio processo, parte crítica de si mesma e que não prejudica o trabalho do todo, mesmo que ela chame-lhe de OUTRO - conquanto não seja tão boazinha com ele não -. Ambos confundem-se na contribuição para algo mais elevado do que discreto individualismo, atento à cromoterapia de amorfo e antigo princípio, meio marginal, regendo a história da existência.
A consciência meio sartreana de si mesma, não chegando à náusea do existencialismo, mas como que fixada na solidão – no bom sentido que esta pode construir às custas de logopéico tato às under-verdades, subterrâneas leis -, torna-se inflexível, mais importante e reveladora do que avanço tecnológico.
.Ciência, política e religião ainda não coligaram-se a intelecto capaz de exceder em qualidade e quantidade ético-verbal a metalinguística de si mesmo, disso advém o retorno ao aforismo socrático “conhece-te a ti mesmo”.
Gerando teatralidade de intransigência biográfica, dizem que a verdadeira façanha do poeta é analisar - non-stop, inviolável, como réptil, talvez um jabuti - a superfície como mero museu primitivo do homem, sempre retornando aos passos bem estudados de longa carreira, encarapuçada pela memória.
Revestido de trato contemporâneo, tal retorno seria denotado por um anfíbio que decide voltar a ser peixe, pelo fato de não reconhecer-se na superfície, não como parte daquele todo que ajudou a articular.
O desejo do pensamento humano então criou Deus para resguardar vida após a morte, o Paraíso. Comumente associado ao céu, aqui ele figura como Mar. Porém, em fase de ininterrupto e paradoxal crescimento, enquanto o EU lírico desce às profundezas do reino subjetivo, o corpo, idiotizado, segue contrário ao encanto dos cativos hipocampos de Netuno a despistar horizontalidade de relações, criando aviões, naves espaciais, eis o conflito atual da humanidade, o mergulho às avessas: qual a verdadeira saída depois do encontro com nós mesmos?.
Não é de hoje que a água vem sendo explorada na poesia, elemento tido como negativo e/ou feminino pela astrologia, baixo, que desce; sem ele não seria possível vida. Se tornando cada vez mais preciosa, água (doce), no estado líquido, também figura como respiração, vitalidade de poema bem acabado, urdido, visceral, cíclico. Talvez a previsão de um mundo sem água (ou totalmente afogado por ela...) potável esteja influenciando na reconsideração fantasiosa de sereias, filhos afogados, sushimen, aquários, águas-vivas etc [talvez isso tenha se intensificado desde o cinematográfico naufrágio de 1997 do Titanic e do clip "No Surprises" (ano idem) do Radiohead - (como se artistas dessa época estivessem em afogado conluio para melhor e pessoal no-returning processo de entrada no terceiro milênio)].
Em seu livro de estréia, Andréa Catrópa nos incita a acompanhar sua aventura pessoal – em atropeladas sentenças -, no que vem a ser trajeto de rarefeita linha central, debatendo-se e levando parte do concreto maior que a circunda, com ecos de fragrância trovadoresca, até o reencontro da fina condução de vogais soterradas pelas próprias tentativas de retorno à fonte. Pouco preocupada com desfechos morais, essa débil linha quer beatitude de saber-se ligada a algo, como num cordão umbilical que aos poucos faça esquecer a consciência de si mesma e do que acontece fora do útero simbólico.
As coisas começam com o laboratório intensivo de auto-conhecimento do outro. Esqueça o que foi dito até agora: Andréa desvencilha-se, de cara, de qualquer herança literária fácil. De maneira irônica, nada é o que parece tanto na disposição de seus relatos quanto no tom de versos convulsos.



ato compulsivo n° 3.008.011.974.
o prazer ilícito de partir ossos (mesmo que já um pouco.
apodrecidos pela chuva) - as pontas que cercam.
seus muros - a dor auto-infligida de abortar o outro,
colocar o outro no centro do palco que se
transfigura em arena para descarnar.a fala.



"não me reconheço".



Numa tacada só, num golpe de estômago; corajosa, Andréa se expõe sem papas na língua. Sua arrojada e lúdica poética rompe com a própria naturalidade para que possa desvendar antecedentes da mesma. E será quase sempre assim no decorrer do livro. Genial, ela descobriu uma descrição (em olhos lápide) que não precisa abstrair direção interior alheia (devidamente varrida) para gravar seu caminho.
As margens do auto-conhecimento transbordam até domínios pessoais do OUTRO como se uma esfarelada epígrafe coreografasse relação cujo tortuoso cruzamento ainda não permite-lhe conseguir e/ou poder distanciar-se a não ser que seja expondo e partindo ossos ilícitos, mesmo que já um pouco apodrecidos pela chuvachuva que, nota-se, não tem significado positivo por aqui, todavia inclusa no mesmo princípio laboratorial que aos poucos servirá de premissa ao próprio salvamento da inusitada rede, na qual por fim ela se afogará.
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"Surtei repentinamente numa manhã de sábado. os dentes trincados, mas os dedos flácidos.
Minha casa era afetuoso clichê, fora dela, o inferno. Eu estava no mundo há muito, era
urgente pegar o primeiro retorno e não olhar pela janela. erva cidreira, cobertor,. e um.
banho quente. de nada adiantariam, se eu não tirasse os óculos. mamãe ao meu lado,
fictícia e boa ouvinte, a face que me traumatizou devidamente varrida para debaixo do.
tapete. ovos quentes, gemada, fortificantes. meus achaques são típicos de uma anêmica.
acredito. tudo se resolverá assim que o doutor ministrar suas doses. tudo ficará melhor.
após uma boa noite de insônia. tudo estará acabado assim que eu me calar
." .



A onda de referências dos anos 1990 semi-metamorfoseia-se da onomástica às elaborações oníricas. De riqueza imagética que se permite, no máximo, abortos em flor, a meta-crítica da dificuldade humana auto-inflige com modernos signos caros a poetas como Rimbaud, Ana Cristina Cesar, Cacaso, Claudio Daniel... A despeito da influência que não carrega pastiche e/ou área social glamourizada, Andréa, querida, desculpa-se da condição de ensimesmada burguesa, tentando dialogar com um Brasil miserável e com paradigmas marxistas que, entre outras coisas, provocam suicídios poéticos.
Mais além, ibero-americana, enquanto ela vê sorriso oriental em cadela, musas são postas num muro de arrimo - que é o realismo psicológico neo-opressor, com velhas poéticas e poderosa encomenda semântica – até que seja atingido binômio refletor dum Janus noturno e jovem, que atiça o leitor de estética mais bem resolvida e porosa a descobrir traços de inocência que na verdade não existem no rito posto pelo sujeito posicionado na indeterminação.
Trata-se de verdadeiro mergulho, visto por todos ângulos, todos níveis, das camadas íntimas de arco-íris glossarial até mais abissal relativização, desenhada num quadro sinalizador, transitório, cerebral e (de propósito) aberto. O que seria claro-enigma restringe-se ao atual vale-tudo poético, sob ondas de sylviaplathiana indiferença.
Através da descoberta da tripolaridade do EU, a linha d'água se adapta. O rosto do afogado diferencia de que lado vem o touro/ a bomba/ e o corpo/ que aberto sobre a maca/ espera sua autópsia.
Maturação de precoce incapacidade, metaforicamente repleto com metáfora da metáfora, o processus de seu trabalho sobrevive, embora às vezes a pesca de submersa formação de personalidade lírica coincida em grau de concessão a um Caymmi a exortar apenas o aspecto manjado do elemento com o qual decidiu acasalar-se, curar-se.

Depois de enveredar-se nas imensidões do atlântico e pacífico, pode acenar-lhe adorável glacialidade ou retorno à superfície dos náufragos que por fim se salvam? Desistirá Andréa das profundezas? Criará músculos d'água para seguir fluvial rumo ao cânone de pós-moderna poeta?.
De um único fôlego que atravessa dias, afinal, a leitura de tal consistência heterogênea proporciona boas aproximações com a infância.
Foi cumprido o papel de documento de viagem, alternativa de identificação e admiração para o leitor avesso aos meios midiáticos enganadoramente transcendentais.
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Andréa Catrópa nasceu em São Paulo, em 1974. É doutoranda em Teoria Literária e coordenou a série de programas de rádio Ondas Literárias. Integra as coletâneas de poesia Antologia brasileira do início do terceiro milênio (6 dias, 6 noites, 2008), 8 femmes (2007), Vacamarela - 17 poetas brasileiros do XXI (2007). Mergulho às Avessas foi lançado esse ano pela coleção caixa preta, da Lumme. Alguns de seus poemas podem ser lidos aqui.

30 setembro, 2008

oferenda a Iemanjá


*Manjar...
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Ingredientes:
- 250g de creme de arroz;
- 01 pescada inteira;
- azeite de oliva.

Modo de preparo: Faça mingau com o creme de arroz e água e uma pitada de sal. Limpe a pescada e asse-a na oliva. Coloque o mingau numa travessa de louça, deixe esfriar, coloque a pescada assada sobre o manjar, regue com oliva.
Deixar perto de algum rio de água limpa. (Iemanjá é mulher de fartos seios e filha do rei do mar, mas herdou mais do que os domínios do pai, que fique bem claro que ela é senhora de rios, lagos e águas correntes também...)


*Em comemoração especial... (2 de fevereiro)...
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Na beira da praia, aquele ritmo de atabaques misturando-se à maresia e marulho são ingredientes misericordiosos prum bom transe...
Sabe aqueles barquinhos azul e branco?
Ele pede canjica branca;
- cocada branca;
- espelhinho;
- brinco;
- anéis;
- pente;
Vosmecê faz seus pedidos e agrada a rainha do mar.
Faça seus pedidos num papel, escreva o que vosmecê quer, depois coloque mel sobre a folha, coloca embaixo da canjica fria, coloque mel em cima da canjica e a cocada em cima desta, daí coloca ao lado da imagem de Iemanjá dentro do barquinho... Ela é vaidosa e pode tornar-se vingativa, cuidado...
Faz um buraquinho na beira do mar e acenda as velas...
Entre no mar, deixe passar 7 ondas, mais ou menos até o joelho pode ser, coloca o barquinho no mar e...

...ODOYA!

29 setembro, 2008

floricultura a vapor

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II


É preciso agradecer.
Por ainda estar vivo o suspiro, sob pássaros que aguardam aguçados arrimos.
É preciso saber a diferença entre lírio e lis.
A faxineira burlesca resigna-se:

__ Você tem razão. Esse Eight não é tão mata-rato assim.
__ Bom, que fique claro o domínio da íris.
__ E as tulipas da Sylvia Plath.
__ Hahahahaha... Você é poeta?
__ Não. Gosto de poesia. Escrevo uns troços, mas tenho vergonha de mostrar. Tenho amigos poetas, mas me contento em ser uma mera atriz, por enquanto... Gosto de Baudelaire, da Sylvia, do Luiz Gama (AMO)...

Ruth Blumenstrauss parece distante:

__ É preciso agradecer o café do chinês.
__ Eu sempre agradeço quando eu pego.

Sinos dobram. A floricultura relativamente vazia permanece cordial aos longínquos pios, aos circunlóquios sob fiel redoma de vozes. Xexereguns é doutorada, primeira dama do respeito para com solidões alheias. Não se trata de deboche, nem de sarcasmo às avessas, é preciso revisitar luto: o bilhete, cuidadosamente guardado, mal sabia da astrologia da íris, não obstante seu recado alegrava-se por não ser tão importante quanto aquelas extras lições de jardinagem.
Nobre pensamento reaparece:

__ Perdão. Enveredei-me numa figurativa alunissagem. Que entorpecente você tomou?

Os olhos de Xexereguns pré-marejam-se com 59% da lembrança de encanto caiçara: pelas oscilações da íris dos gatos identificara boa maré, era pálida, plena adivinhação oculta quem lhe dizia:

__ Clara e francamente, hipnotizei-me pelo mar, tirei minhas roupas e tudo mais, branquela que eu só. Foi numa praia semi-deserta. O luar servia como única iluminação da escuridão. Afoguei-me em meus desejos, feliz que eu só. Suicídio involuntário? No creo. Deram-me como desaparecida, depois morta... Amanheci na casa de um gentil pescador, desde esse dia que...
__ Ok Xexereguns, é o suficiente. Eu sou eu, você é você. É legal, às vezes, adequarmos-nos aos limites da vida. Ah... Flores sangüíneas...

Surge brando ritmo de sanfona no radinho. Com carinho, é preciso agradecer tal mimosa memória pública. Do que você está falando? Onde você quer chegar? O mistério do amor é maior que o mistério da morte. Ruth Blumenstrauss desliga o radinho e liga uma tevezinha:
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__ Vamos negrinha, vamos logo para elas, elas nos esperam desde tempos remotos e mais uma primavera dá os primeiros sinais de vida. Veja só. Uma das flores mais populares do mundo, cultivada desde a antigüidade. A primeira rosa cresceu nos jardins asiáticos há 5.000 anos. Na sua forma selvagem, a flor é ainda mais antiga. Fósseis dessa rosa datam de há pelo menos 35 milhões de anos.
É de certa forma um símbolo pagão, Afrodite estava metida na criação dela, com as graças; parece até que Jesus respingou seu sagrado sangue para dar mais emoção à flor, ligada muitas vezes com segredos escondidos da igreja durante a idade média.
Tirando certas híbridas, não existem rosas sem espinho - diria um poeta desatualizado.
O gênero Rosa é reconhecido por sua complexidade taxonômica devido, em parte, à hibridização, poliploidia e apomixia.

__ Entendi perfeitamente.
__ Ah, menina...
__ Sonhei que eu era uma sereia, e deixava uma rosa verde e triste na ponta do casco do navio dum marujo que se deixava levar por amor, coitadinho.
__ Bom... Serenamente sondemos nosso aveludado objetivo. Sonhos com rosa são legais, elas fascinam mesmo.... Nabucondonosor usava-as para seu palácio e, na Pérsia, onde elas eram cultivadas por sua essência perfumada, as pétalas eram utilizadas para encher o colchão do sultão. Sabe, sua voz me lembra uma rapariga do hip-hop, não sei ao certo o nombre dela...
__ Ela também tem problemas de dicção?
__ Não.
__ Tudo bem, pode voltar a falar da flor do amor...
__ Sabia que na verdade ela foi criada por Clóris?
__ Nops...
__ Afrodite só ajudou um pouco com sua beleza, Dionísio proporcionou-lhe o néctar, e as três graças deram encanto, esplendor e alegria.
Ave Maria criou as brancas, depois que seu cândido véu metamorfoseou rosas vermelhas.
Rosa amarela significa enfraquecimento do amor e infidelidade;
Rosa rosa significa "Amizade, Carinho, Amor..." - oferecer para muchachas or mujeres;
Rosa branca significa "Pureza, Paz" - oferecer para mujeres mais jovens;
Rosa laranja significa "Fascínio, Encanto" e pode ser oferecida a mujeres de mais idade;
Rosa champagne significa "Admiração, Reverência" para ser oferecida a mujeres de mais idade;
Rosa vermelha é um modo direto de dizer "Eu te amo" significando Amor, Passion.

continua...

eleições 2008

Pessoa atraente e/ou atenta às fofocas-fantasma.
Aquele brilho no olhar, aquela vontade de vencer, sacas?.
Como se nada fosse verdade, a característica de quem não existe aos olhos da sociedade de sociopatas deve exalar aquele pathos, aquele partido reflexo agitador de energúminos. Emoção histórica pluralizando futuro, roupas descoladas e táticas fora de mimodramática moda; contudo, hábitos de Nazareno encontram atalhos da trova que atualiza credibilidade.

_ Concorda em parte ou totalmente?

Renda mínima dos perfis é de r$ 10.000,00, foco no frio, tênis furado. Nessa democracia burguesa burocrática, dados adaptados.
Passa um carro tocando a dança do créu.

_ Quantos rádios você possui na sua casa, quantas TVs? Aspirador de pó e/ou vaporetto?

Nazareno encerra a entrevista, virtuose da verificação. Skinheads passam do outro lado da Floriano Peixoto. Várias cabeças do mesmo corpo sem escopo fixo que não seja o da urgência reformista.
Sérgio Mallandro, Salete Campari, Agnaldo Timóteo, Clodovil, Netinho, Nega Diaba, judocas, Gretchen e sua filha. Por que aquela médica desapadrinhada grita tanto? 36500 vezes não! Não anule credibilidade da liberdade.
Boicotando farra das farsas Nazareno recebe mais um questionário, atravessa a rua, feito gnomo de skate e fxdxpx , woohoo! De bode horror eu sou.

_ Com licença moça, posso fazer una intransvista com você?

Ruth Blumenstrauss há muito notara cabaleriais de critérios debaixo da sandice de santinhos (alardeados). Mesmo balançando a cabeça, o cafuçu anuira tão somente aos opinativos operários de convicta confraternização de cúmulos, dispersos, sob azul zênite da apoteose (de previsões).

_ É claro.

Nazareno legitima o pico e aquieta picardia. Muitos passantes, inclusive seus colegas, não desgrudam uzóio de seu poder de popularizar-se. A despeito da bunda de pagodeiro, olhos de nóia globalizam cerúleo campo circunjacente.

_ A monobra de suas manobras competitivas é um substituto para a inércia da inalação...
_ ...De humores que não humanamente meus?
_ Yeah...

Fato é que a falta de olfato financeiro subjuga centro e esquerda dos latifúndios da fé (esférica). Veja só as solas desse sol maior que democracia do desinteresse; aquele umbroso umbu que, à espreita, está sempre lá, resguardando soturna sombra à leitura pós-baudelaireana.

_ De onde vc é?

De muito longe, dum tempo sem roubos em ré, do telúrico tato nasceu verdadeira verve mais e mais elementar à não-violência.

_ Aceita?
_ Não, obrigada. Só com seda de celulose agora.

Para esconder fragilidade do clímax de fertilizantes, servidores públicos, professores, estudantes e camponeses respondem ao corte de brisa com greves agremiadas ao redor de TVs que exibem milhares de golfinhos sendo degolados, tartarugas deformadas por aros de plástico, aves contaminadas pelo mesmo material. Ciclos de mercúrio.

_ Vodka com energéticos?

Ruth guarda a garrafa dentro de bolsa consciente e ajeita a calcinha de fibra (de juta). Olhares sexuais soterram potência estrangeira.

_ É meu supervisor.
_ As pranchetas são cor de açafrão?

Cimentação de cismas tecnorgânicas deixa de sonhar com bolsa-família; nem 100 anos degradariam aquele clima de subtemas (substanciais).

__ Aqui está o meu número.
__ Violação de correspondência é crime.
__ E o futuro de nosso país? 




ficadica.
compartilhe seu carro. pratique carona solidária e diminua a emissão de poluentes, levando pessoas que fariam o mesmo trajeto separadamente. você vai se tornar o(a) cara(mina) mais simpático(a) da cidade.

08 setembro, 2008

blindness

_ Tudo depende de você.

Talvez psicocinese de naticego conduza realização dos sonhos. É noite? É dia?
Cada um por si.
Pode a realidade de uma pessoa só ser tão forte a ponto de disseminar e igualar deficiência? Para que uma comum desgraça facilite a maravilha da descoberta de que ninguém é melhor do que ninguém, pálpebras prazerosamente pesadas? Guardando a si mesma compreensão final de suas dúvidas, Julianne se esquece de São Paulo, a seus pés:

_ O futuro da América Latina é Negro.

Não concordo, não sou leitor de fan-fiction - de nada adiantariam escarnecedores apelidos pra desculpar o eremita cachorro de Glauco Mattoso, já tinham nome próprio quaisquer respostas de Julianne, e afinal o cão, presente de Silvetty Montilla, não lamberia-lhe a face apenas atrás de comida.

_ Venha comigo.

São Paulo apieda-se do cão apenas depois da morte. Quem sabe ele possa redimir-se da tara sexual por pés? Julianne, já repleta pelo mar branco, sai da sacada, tira o cão da perna de São Paulo, e aproveita para ajeitar-lhe o tapa-olho direito.
Cada um no seu quadrado.
Fim de filme é sempre assim: estarrecida, parte da platéia finge que lê créditos finais enquanto os primeiros impulsos já longe digerem uma espécie de incompreensível moral.

_ Dê ração ao cão, Alice.

Alice arrota pré-delícia calculada de ver-se novamente sob densa e sufocante névoa cinzenta. Com seus augúrios embaçados e tudo mais ela não faz questão de enxugar lágrimas e conduz o cão à cozinha. Além de Gael, seduzira outras pequenas quantias de importância expressionista, uma espécie de Eva substituta, diferente das antigas prostis que decifravam macho-líder através do cheiro da fêmea privilegiada. Sua polinização respeitara até o fim Julianne.

_ Mesmo depois da phoda con mi husband?

O casal chinês apressa-se para calar a boca de Alice, na soleira empoeirada da kitchen.
Toca belo solo de piano no andar de baixo, e Danny, digo, São Paulo solta suspiro vigilante. A estória tem que continuar, pensam todos. Após a chuva, após o Auschwitz de 1984 e sua guerra, após insistência em começar a enterrar nossos mortos. Pra quê? Pra que alimentar mistérios sedutores? Relatividades de ícones?

_ Pra idiotas como usted acreditarem.

Cale-se, enterneça-se. De nada adiantaria oferecer de novo nossas mulheres pra conquista de novos territórios. O barulho de avião corta o barato do piano, Julianne esquece das forgotten passagens bíblicas do blog.

_ O que eu coloco, gente? Tudo de novo?

São Paulo levanta-se e Julianne desliga o pc, ao lado da criança. O que poderia ter sido de tudo isso? O barulho do piano volta de nova maneira, com vocal:

_ I just called
to say
I love you
I just called
to say how much I care

Faminta por novas discussões, sobre a mesa central, pirâmide com um olho dentro é removida.
Tudo vai dar certo.

_ Precisamos nos aquecer.

Todos se reúnem ao redor da fogueira, santos estão de beatitudes vendadas, Alice volta da cozinha rebolando. Alta noite de branca sujeira, de nada adiantaria agora os r$ 3.500,00 que achara num dos armários em cima da banheira.
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