11 maio, 2008

inconcordável mano novo (23/01/08)

Poesia: é tão estranho, ninguém pensa que eu sou ladrão no busão, tenho vontade de gritar e surtar de vez. Respiro fundo, faço sinal da cruz em frente ao cemitério da Consolação, as portas (automáticas) abrem, e uma senhora desce em paz, em outra parada.

Um nariz que sobe na Angélica me leva de esgüela até a Paulista, enquanto o nordestino que filma minha inspiração resolve se sentar em frente ao Masp (mas logo desce e fica atrás da minha nuca).
Texto: não quero ser comparado à Pitty, nem ao Aldous Huxley, nem ao gado, isso é coisa de gente chic. Chego no Paraíso, desço intenso, sinos dobram, e é jagunçoso meu jeito de atravessar a avenida. Depois do 1° café c/ leite é 0x0 com a atendente, fazia mó cota que eu perdia. Chego no Centro Cultural São Paulo, tia Rita é ambiente, dizem que sou louco, e o primeiro olhar altivo traz de volta o meu sufoco. Não queria falar sobre gente feia com dinheiro que acha que está num shopping center.

O faxineiro #1 usa o uniforme cinza e vermelho da prefeitura, masca chiclete e olha pra mim, mas os movimentos que faz com a boca não são putos, dizem tudo o que pode soar verdadeiro. O samba é triste, meu amor não veio, mas quando o morro descer minha tristeza não vai ter vez.
Coff coff, desculpe, é a natureza tuberculosa (diz o professor de poesia), mas a criança funga estrela, os coxinha passam reto, caralho, desculpe, é, tá embaçado, todo mundo percebe: vai trabalhar? Vai trabalhar? A voz chega tão conhecedora do meu ouvido e olha pra bunda de uma loira. Abaixo a cabeça, Caetano canta logo acima do céu ainda tropicalista, a ditadura do pensamento é chã, mas o poder da minha imaginação ainda é niilista.

É a minha vez, venha para a luz, queremos estender a carne no varal de arame farpado, mas que ela ainda pulse, ok? Trincô: um olhar nissei chega até a espinha, logo volta pro livro, de engenharia.
Trabalharia registrado se eu tivesse o certificado de reservista, mas como sou traidor da pátria só me resta ser artista.

Estou sempre sentado (disse a professora de teatro), sou um cara triste, não encontro amparo (?)... XD... não evoluo (disseram umas mina aê), professores, assistentes sociais, psicólogas, freiras, atendentes de boteco, operadores de telemarketing, entre outras mãos e vozes que cortam a respiração de quem não sabem que sangra em praça pública, e não tem descanso nunca (mais).

(Palmas)

Coff coff (risadas) coff coff.

Não dá pra aceitar, não posso ir, não posso rir, tenho vontade, mas não pago de sorrisinho. Tem traição que não se faz nem com inimigo.

Meu professor passa no momento em que eu ia brigar sentado, e o carrasco fica sussa, de canto e sossegado. Coff coff, a retribuição é em (quase) surdina, o carrasco #2 acha que é com ele e vira a praça pra direita (mas meus olhos já reservam todos os lados).
Limpo as lágrimas, o filme acaba, alunos e professores concordam com o fim. Não sou um esperto ao contrário.

Lá vou eu, me levanto, esbravejo o peito, tá na hora de bater meu rango (esmolado).

(Arrotos)

Tá na hora...
É nóix... Aqui Estamira ainda rosna:

- Vai tomá no cu
Vai pro inferno
Vai pro céu
Vai pro caralho!!!

Um comentário:

Rita Medusa disse...

pois é vc é artista seu traidor rs
gosto do teu tom,tem domínio e asas