- Você nunca vai paAraAaAaRrrhhh?...
Sirenes
divinas ecoam na caixa surda da minha cabeça. Oh my God, oh my God,
expensive justice for dear God! Não sei quem é mas já conheço, é como um
soprão de ouvidos mesmo, me encontro em pleno Van Gogh perante este
estertor de outros tempos, cavernosos.
- Não está vendo essas caras grotescas ao nosso redor?
.
Bafo
seco da traição reivindica sensação de um sonho alhures. Não sou eu o
menino que veste paletó? Não sou eu que exalo naftalina? Madama não tem
tempo de respirar? Não vou desmoronar o charme desse caveirão,
enternecido.
- Onde paramos mesmo?
- Ah,,, tu sabe... nAqueElaAas cooOisaAaAasss toOoOodaAahsss...
- Ah,,, tu sabe... nAqueElaAas cooOisaAaAasss toOoOodaAahsss...
Aquelas
grandes questões não respondidas pelo saxofone da Benflos, vidas
mofadas em mesas mal iluminadas por candelabros suspensos. Bate-papo sem
fim nem começo, paramos no coração da madama, e ela deixa reluzir uma
ponta do depósito da alma. Me esforço para não olhar para os reflexos
Bruce Lee, seria o grande espelho de moldura vetusta logo atrás fruto da
uisqueria da minha imaginação? Juro ver aranhas refestelarem-se em sua
aura grisalha.
- SOooOOooou artista plástica.
- Ah é? e eu apenas um cinéfilo das antigas.
- Mesmo?
- Yeah.
- Já viu o filme O Iluminado?
- Yeah.
- Sabia que o verdadeiro iluminado do filme era o gurizinho...?
- Ué, sempre achei que fosse o Jack Nicholson.
- AaAaAhhrrr... a juUveEntuUuUuUdeEhhhhh...
- Ah é? e eu apenas um cinéfilo das antigas.
- Mesmo?
- Yeah.
- Já viu o filme O Iluminado?
- Yeah.
- Sabia que o verdadeiro iluminado do filme era o gurizinho...?
- Ué, sempre achei que fosse o Jack Nicholson.
- AaAaAhhrrr... a juUveEntuUuUuUdeEhhhhh...
Tenho
rigidez de movimentos necessária para galantear madama. Passarinhos
piam dispersamente na Redenção. Um resquício de vida crepita no cadáver:
- Tu faz michê na J.B.,,, né?
- Não, sou técnico do amor.
- Para de fazer esses códigos com o espelho.
- Não, sou técnico do amor.
- Para de fazer esses códigos com o espelho.
Calma, se o sorriso é científico, inesperadas paranormalidades surpreendem as mãos:
- Te quiero.
Cinismo
aos poucos vai cedendo, tenuemente desvencilhando-se da caricatura do
gato de Alice até recusa distorcida que envelhece momento num piscar de
olhos. Madama retira as mãos frias do meu aconchego inocente para um
gole de vinho, e olhos espiam pelo véu da noite, meio assustados, olhos
desiludidos com o amor:
- Vai embora.
- Vamos juntos.
- Vamos juntos.
Imagine ficar assim, pra sempre nas vascas metálicas desse bar, falando sempre sobre aqueElaAaAsss coOoOisAaaasss...
Madama esconde mãos no xale preto:
Madama esconde mãos no xale preto:
- Tá achando que me engana,,, é?
Quando
cai os níveis de noradrelina e serotonina é sempre assim, nem mesmo a
patricinha que entra no recinto ressuscita a graça daquela névoa
viciosa, assim é a vida, assim é a noite, conversa brocha, quem vai
embora primeiro? Mais vinho por favor. Não sou eu que faço festa em off?
Esse quadrilátero encarquilhado sempre me cheirou à morte, bafo. Não
olhe por cima da minha cabeça, tenho fôlego do fogo nos teus olhos,
devolva-me as mãos.
- AAAaaaAAAAhhhhhHHhhHHhrrr...
- Eu pago a conta.
- Eu pago a conta.
Estaria
em coma meu amor? Ou suruba clandestina não gozaria a luz e a esperança
do dia? O calor... As crianças no parque, camisinhas usadas, nosso
júbilo abençoado por travecos, tartarugas, gambás e morcegos. Quando
acordasse assombrada me encontraria do seu lado e, após um bom banho de
chafariz, eu confortaria sua carranca descrispada no abraço do meu
peito. Essa cara de gárgula amanhecida, ainda meio arisca e desconfiada
da realidade:
- Ainda bem que foi com você...
- Comigo o quê?
- Que eu trepei na rua...
- Comigo o quê?
- Que eu trepei na rua...
Todas
faces fantasmagóricas podem confiar no meu abraço angelical; beijo do
dia para o vaticínio final da boemia impregna não só as roupas, mas
também o escárnio digno não-condizente ao rumor dos espectadores que
apenas lamentam o triste fim dos lunáticos - na eterna promessa de
outras festas, sob roupagem nova.
Outros dias não é que eu passava pela esquina do bar (morava na República) e ela continuava ali? Às vezes entrava (de dia), pedia refri, lia Machado de Assis numa mesa com janela de frente à J.P., e ela naquele mesmo ar, blasé... envolta pela madeira escura que disfarça idades avançadas... fazendo que nem me conhecia, ali... No mesmo lugar...
Outros dias não é que eu passava pela esquina do bar (morava na República) e ela continuava ali? Às vezes entrava (de dia), pedia refri, lia Machado de Assis numa mesa com janela de frente à J.P., e ela naquele mesmo ar, blasé... envolta pela madeira escura que disfarça idades avançadas... fazendo que nem me conhecia, ali... No mesmo lugar...
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sozinha...
.
pra sempre...
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